domingo, 27 de dezembro de 2009

Sean Goldman

Alguns alunos me mandaram emails perguntando qual era a minha opinião sobre o caso Sean Goldman. Eles fizeram isso porque sabem que normalmente eu exponho minhas opiniões sobre certos casos. Mas, neste caso, ñ tenho que falar.

O que eu direi a respeito é o que digo nas aulas: "Cada caso é um caso". Eu realmente ñ acompanhei o caso, ñ conheço detalhes nem tive a oportunidade de ler o processo. Sei que ele vem se arrastando por 5 anos (isso é uma prova de como a nossa Justiça enfrenta alguns problemas), porém eu ñ tenho informações suficientes para expor minha opinião. Melhor, eu nem tenho opinião formada a respeito.

O curioso é que saiu naquele programa da Record (uma espécie de Fantástico, eu ñ recordo o nome) que a família materna ñ pretende recorrer a decisão do ministro Gilmar Mendes. Gente, nem pode! O processo chegou na última instância, chegou no órgão Supremo e se o Supremo decidiu, a ordem tem que ser cumprida. O que pode ser feito é: abrir um novo processo para garantir o direito de visita ao menino.

Se o STF assim quis, que assim seja feito. E que Deus abençoe o garoto e conforte a família. Mas eu gostaria de ter acesso ou estudar realmente porque costumo levar os casos famosos, casos que mexeram com a sociedade brasileira para as minhas aulas, para estudarmos e analisarmos as situações. No fim desse semestre fizemos um seminário sobre o caso Suzanne von Richthofen. Foi muito interessante e valeu a pena.

No mais, fica a lição para a Justiça Brasileira em acelerar um pouco mais os processos. Um caso desses, que já vinha durando 5 anos e só fez aumentar o sofrimento para ambos os lados, poderia ter sido resolvido antes. Que o MJ faça mais concursos para as defensorias públicas (e aproveite para regularizar o piso salarial. É um absurdo a diferença de salários entre as regiões!) e faça uso do quinto constitucional, aumentando o número de juízes.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Então foi Natal.

Passamos por mais um Natal. Cheguei aqui pelo Brasil dia 22 depois de algumas horas de atraso do vôo. E mais uma ponte aérea nos aguardava. Para fugir um pouco de casa (no meu caso ainda mais, depois de um tanto tempo longe desse país maravilhoso), minha mãe teve a ideia de irmos conhecer Natal, RN. O lugar é encantador, praias maravilhosas, uma culinária atraente e acessível, um paraíso no cantinho superior do Brasil!

Assim que chegamos no hotel, eu e meus pimpolhinhos desmaiamos na cama! Estávamos tão cansados que dormimos mais de 9 hrs! No dia seguinte nos juntamos a família e curtimos cada minuto desse lugar. A ceia foi um tanto diferente. Fomos ao supermercado e pedimos para usar a cozinha do hotel. Melhor, pedimos ñ. Paula e cozinha nunca é uma boa combinação. Minha mãe, D. Marta (sogra da minha irmã) e Edu (meu cunhadinho) assumiram a parte culinária. Eu, Dani e as crianças fomos cuidar dos presentes e do resto.

Sentimos falta do papai, claro. Essas datas ainda tem muito a cara dele. Por termos passado longe de casa, longe de SP ñ sentimos tanto (ou soubemos disfarçar melhor). Provavelmente nos próximos anos a ficha cairá. A árvore montada, os enfeites que mamãe espalhava pela casa, papai fazia um peru que só ele sabia fazer. As músicas, a animação, casa cheia, a agitação, tudo aquilo tão comum para nós parece que perdeu seu gosto, perdeu a graça, como dizem. Optamos por algo mais tranquilo. Engraçado que meu pai, nos últimos anos, dizia: "No próximo ano, iremos viajar. Nada de festa". Mas ele nunca cumpria porque os amigos, vizinhos e a família começava a se organizar desde novembro e ele nunca tinha coragem de negar...

A nossa casa ficou fechada, sem enfeites, sem música, sem resquícios natalinos. Nem mesmo a guirlanda da porta foi colocada. Ficou escura e vazia.

Antes da meia-noite começamos a trocar presentes. E antes que me perguntem pela tal historinha do papai noel eu respondo: preferimos acabar com isso. Gabi, João e Maria foram os únicos que, por um tempinho, acreditaram no papai noel. Isso porque viam nas lojas e shoppings os bons velhinhos desfilando. Mas em casa isso ñ era cultivado Minha mãe dizia que ñ era saudável e papai dizia que "isso era criação do capitalismo para que o verdadeiro espíriro natalino fosse desvirtuado". Vittorio e Vito já estão sendo criados assim. Eu adorei estar com a família, adorei os presentinhos que ganhei e apesar da saudade, eu me senti muito bem. Melhor que no ano passado.

Depois descemos para caminhar um pouquinho na praia. Ñ podíamos demorar porque os menores já estavam morrendo de sono, mas a tranquilidade da praia, o barulho das ondas parece que lavaram nossas almas. Acordamos hoje felizes, embora aquele sentimento de vazio estivesse presente. João ñ sabia pelo que começar a brincar. Maria então estava perdida no meio das opções. João ganhou um avião lindo todo de ferro da vovó; duas blusas lindas da minha irmã e do meu cunhado; um autorama tb lindíssimo da D. Marta e do Seu Alberto, de mim ele ganhou um tênis que ele já vinha há muito tempo namorando. Maria ganhou um vestido lindo e fofo da vovó; dos tios a coleção, incluindo caneta mágica, de livros do Harry Potter (já ñ sei o que fazer com tanta coisa de Harry Potter!); da D. Marta e Alberto dois conjuntos de roupas lindos e de mim a camera digital da Barbie. Provavelmente alguns outros presentes os aguardam em SP da família paterna, mas independente do que seja, ganharão aos poucos.

Falando em lado paterno, peguei uma conversa dos três, João, Maria e Gabi que mexeu comigo. A Gabi estava dizendo "Poxa, pena o vovô ñ tá aqui com a gente né! Sinto saudade do vovô". João e Maria concordando. Até que a Maria falou: "É prima, eu tb queria muito o vovozinho aqui com a gente...Pelo menos vc tem o seu pai por perto". Aquilo me balançou. Quando nós pensamos que está cicatrizado, eis que a ferida se abre de novo.

Mas no geral, faço um balanço muito positivo do meu natal. Ao contrário do ano passado, em que fiquei nos EUA com meus filhos, este ano eu consegui vir pro Brasil, estar com minha mãe, minha irmã, meus sobrinhos, enfim, estar realmente em família. A saudade fica cada vez mais apertada e a emoção é quase impossível de ser controlada nessas datas, mas, por outro lado, aprendemos a valorizar ainda mais esses momentos.

Devemos ficar por aqui até terça, quando devemos ir pro Rio passar o Réveillon. E aí, mais emoção nos aguarda...

sábado, 5 de dezembro de 2009

Doce vida.

Algumas pessoas me perguntaram o por quê de toda melancolia no posto passado. E eu é que pergunto "Por que?!". Ñ foi à toa que saí do Brasil. Provavelmente meu destino ñ foi dos melhores, concordo. Mas estava cansada. Estava cansada dos que me cercavam, cansada da onde morava, da sociedade paulistana, da futilidade, estava cansada de muita coisa. Queria morar num lugar onde niguém me conhecesse, onde o que eu fizesse ñ seria motivo para julgamentos (embora eu nunca tenha dado a mínima importância antes, porém ainda que ñ ligasse, os olhares eram categóricos...), queria poder fazer coisas que há muito eu ñ fazia.

Pode ficar no ar a pergunta: "Foi uma fuga?!". Talvez, acredito que sim, mas no momento que deixei o Brasil estava numa situação muito complicada, eu precisava sair. Por segurança, morava num condomínio luxuoso. Pra mim, era insuporável. Jovens irresponsáveis desfilando os importados carros do papai; mulheres inutilmente artificiais, sempre preocupadas com o cabelo, roupa, bolsa, rosto, celulite e todas essas bobagens das quais ñ faziam parte do meu foco; crianças extremamentes mimadas, sendo criadas por bondosas babás; casas impecavelmente bonitas, representando o típico sonho americano. Tudo aquilo me cansava, olhava ao redor e ñ via (muito menos vivia) aquela realidade. Aqueles vizinhos cobravam de mim posturas e atitudes que, embora minha família tivesse ótimas condições financeiras, ñ faziam parte de mim pelo fato de ñ ser criada assim.

Meu pai era uma pessoa muito simples, tal qual minha mãe. Carros e conta corrente ñ eram nossa identidade. Fui criada andando descalça (embora minha mãe dissesse para fazer o contrário), correndo, pulando, brincando, caindo, sendo eu. Meu pai era o homem mais feliz do mundo quando todos (todos=família reunida) estavam ao redor da piscina, dançando, ouvindo música, conversando, sendo felizes. Ou, como ele mesmo dizia, quando era noite, nós íamos jantar e estavam nós quatro. Ele olhava e dizia: "É isso que me faz feliz".

O mesmo se repetia com a mamãe. Ela ñ se sentia feliz indo ao cabeleireiro, mas quando era domingo e minha irmã e eu "invadíamos" o quarto de papai e mamãe, nos jogando na cama. Nós percebíamos em seu sorriso que esse era seu momento mais feliz. Ou quando a Dani anunciou para todos que estava grávida de Gabriela. Meu pai ficou com os olhos marejados e minha mãe mal podia conter a felicidade. Seria a primeira neta, a primeira criança depois de tantos anos sem nenhuma para correr pela casa! Meu pai, como bom descendente de italiano, gritava pelo corredor da maternidade "Eu sou vovô! Minha neta nasceu!"! Se ñ fosse as enfermeiras, os seguranças teriam expulsado meu pai dali! E o que dizer quando inesperadamente eu soube que seriam gêmeos?! Melhor ainda foi quando confirmei que haveria ao menos um menino na barriga. O primeiro garoto na família! Antes mesmo do João nascer, o macacão, boné, meia e sapatinho do São Paulo estavam comprados!

Foram pequenas ações como essa que nos deram felicidade. Ñ foi ter uma ferrari, 200 pares de sapato, vestidos caros, casas no exterior, etc. Eu nunca vi ninguém, no leito de morte, dizer que foi feliz porque suas aplicações na bolsa renderam milhões. Ou mesmo dizer que estavam arrependidas por ñ terem feitos ótimos negócios.

É engraçado, ou irônico, dizer que sou mais feliz tendo que acordar mais cedo p/ pegar o ônibus p/ levar as crianças na escola. Sou mais feliz aprendendo a cozinhar para as crianças, tendo que separar a roupa suja da limpa que insistentemente eles deixam espalhadas pela casa. Ñ tenho mais carro, moro um pouco afastada do centro, me viro em três porque ñ tenho mais babás e tento conciliar trabalho com casa, sendo que essa dificilmente está bem organizada. Sou uma outra Paula (ou seria a velha Paula da infância?), que como tantos, tenta ser feliz nesse difícil equilibrio da vida.

E mais: meus amigos são meus amigos porque gostam de mim nesse meu jeito meio louco e volúvel. Ñ por morar onde moro ou ter o que tenho. Alguns aqui nem mesmo acreditam que sou brasileira, mas sou e ñ nego. Ñ é irônico que tenha achado isso no berço do capitalismo?!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O novo milênio...

Hoje recebi uma cópia do vídeo em que mostra o meu pai, em 79 chegando ao aeroporto. Era a volta dos exilados e tinha muita gente naquele aeroposto. Eu, claro, ñ lembro de absolutamente nada, infelizmente.

Eu, como ñ poderia ser diferente, me emocionei com o video. As pessoas voltando p/ o país, meio com uma sensação de alívio; meu pai chegou a pisar o chão do aeroporto, agarrando a bandeira nacional. Foi de um patriotismo que acabou, ñ existe mais. Nada de bom sobrou daquela época. A política virou piada; as ideias foram enterrados com os lutadores e o individualismo cresceu tanto quanto a inflação e a violência. O que ficou daqueles anos?

Meu pai tinha inúmeros amigos. Mas amigos mesmo, quase irmãos. Daquele enorme grupo, dois ou três ficaram, mantiveram contato. Outros esqueceram do que foram, ou quem costumavam ser e se perderam no capitalismo. Os que já eram ricos, ficaram ainda mais ricos. É engraçado como o tempo afasta as pessoas. Chega a ser irônico que com toda a tecnologia, as pessoas ainda estejam distantes. No tempo da máquina de datilografar e das cartas, nós éramos mais próximos.

Sinto falta da época em que todos se reuniam, ouviam Rita Lee, dançavam e se abraçavam sem importar a classe social. Enquanto nós, crianças da época, brincávamos na piscina ou íamos brincar de garrafão na rua, meu pai e seus amigos bebiam, dançavam, conversavam, viviam. Viviam, já em 80, sem medo, sem neuras, sem cobranças, sem preconceitos, sem status, viviam pelo simples prazer de viver. Às vezes me pergunto se a geração do meu pai, mesmo com a ditadura, ñ foi mais feliz que a minha?! E se já acho que a miha poderia ter sido melhor, o que meus filhos dirão da deles?

Penso no que meus filhos perderam. Poder brincar na rua, sentar na porta de casa e conversar, ficar até de madrugada na rua sem se preocupar com a violência, tomar banho de chuva, subir na árvore do vizinho p/ pegar acerolas, enfim, coisas tão simples, mas que ficou para trás. Doce e apertada saudade. Será que meu filho vai aprender a soltar pipa no ventilador do apartamento?

São por esses questinamentos que vejo o quanto a música Homem Primata, feita há anos atrás, é cada vez mais atual.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Educação x TV

Algo completamente inédito aconteceu hoje! Fui chamada na coordenação da escola dos meus filhos para uma reunião, conversa com a coordenadora. Motivo? Eu ñ deixar meus filhos assistirem televisão! Seria cômico se ñ fosse trágico!

Na segunda-feira fui pegá-los na escola. Estava com certa pressa porque tinha que estar na Universidade às 16:45. Então às 15h em ponto estava na frente da escola esperando as crianças.Lá vinham eles, peraltas como sempre me trazendo um comunicado da professora. Me assustei de imediato! Na hora perguntei aos garotos o que havia acontecido p/ eu ter que comparecer a coordenação. Mas, surpreendentemente, nada de estranho havia acontecido. Apenas o João me disse: "Ah, teve um trabalho em sala que eu e a Maria ñ fizemos". Olhei pra Maria e ela me respondeu: "A gente ñ assiste tv e ficou de fora da discussão". Achei estranhíssimo, mas a pressa do momento me impediu de entrar em detalhes.

Conforme a data e horário especificados compareci. Ao chegar ela me explicou que houve uma atividade desenvolvida em sala, uma discussão com os alunos sobre o que eles entendiam dos programas assistidos, o que achavam, quais desenhos animados mais gostavam, etc. A professora ficou espantada quando meus filhos ñ entendiam muita coisa a medida que os programas iam sendo mencionados, aliás, eles de fato ñ conhecem a programação, nem americana nem brasileira. Então fui chamada a coordenação para conversar sobre essa situação, pois, na visão deles, eu estou "privando João e Maria da realidade". "Você precisa entender que eles precisam ter acesso a informação, a se adaptar ao meio deles pois normalmente as crianças assistem televisão". Eu achei aquilo tão absurdo que quase me recusei a continuar na mesma sala! Se ñ fosse meu enorme respeito pela educação, eu teria saído de sala imediatamente.

Meus filhos ñ são privados da realidade, apenas ñ concordo que a televisão seja o único meio de informação. As crianças ficam viciadas e normalmente ñ há interação! Meus filhos sabem o mundo em que vivem, eles têm acesso a informação. Leem jornal, revistas e procuro controlar o acesso a internet. Mas televisão ñ! Eu fui criada assistindo televisão, nada contra. Porém aquela era outra época, os desenhos eram menos violentos, menos erotizada e mais familiar. Compro dvds com desenhos mais interessantes, filmes Disney e cia, documentários e etc. E a pequena lacuna do dia preencho com leitura. O João é encantado com O Pequeno Príncipe, a Maria ñ cansa do Monteiro Lobato e por aí vai. Cada cria seus filhos da maneira que achar melhor. Eu crio assim, acho melhor assim e assim ficará!

Eu ñ sei porque as pessoas relacionam realidade com televisão. Eu saí da escola indignada com essa "tentativa" de me dizer como criar meus filhos. Pensei em trocá-los de escola, mas seria uma dor de cabeça desnecessária. Mas fiquei em alerta! Que tipo de professora é essa? Ela devia ser a primeira a apoiar a leitura e o desenvolvimento de atividades alternativas. Mas na vida a gente encontra cada uma...

sábado, 7 de novembro de 2009

Au revoir Paris.

Acabei de voltar de Paris. O doutorado foi maravilhoso, consegui fazer um ótimo relatório, fiz inúmeras anotações que me serão bastante úteis nas próximas aulas. Jason e Ryan, os alunos que me acompanharam também voltaram fascinados e estão ainda mais empolgados com o Direito (e eu já havia me esquecido daquele brilho nos olhos quando ainda somos estudantes, universitários e imaginamos nosso futuro, aquela esperança, aquela louca ansiedade de viver).

Eu deveria voltar apenas no dia 10, mas resolvi antecipar minha volta. Motivo? Filhos, claro. É engraçado que somente quando nos afastamos, estamos distantes é que tudo acontece. Tenho que reconhecer que fomos corajosos - eu e meus filhos. Essa foi a primeira (primeiríssima mesmo, nunca isso aconteceu antes!) que nos separamos. Eles ficaram e eu fui. Confesso que isso ñ foi nada fácil, principalmente p/ mim. Ñ estava programado, eu ñ era a professora que iria para Paris, mas no último momento fui convocada para essa missão. Me deram uma semana para organizar minha viagem. Uma semana p/ quem tem filhos pequenos como eu é muito pouco!

Mas lá estava eu, me desdobrando, quase enlouquecendo procurando babá, convocando vizinha, fazendo uma enorme rotina e um enorme esforço para me garantir que ia dar tudo certo. Meus filhos ñ são mais o tipo de criança que tem que dar banho ou dar de comer na boquinha. Mas ainda são meus pequenos, embora a cada dia os sinto menos pequenos e menos meus. Fiquei com o coração apertado todos os dias, todo minuto que fiquei em Paris. Ligava assim que acordava e antes de dormir. E antecipei minha volta porque o João adoeceu. Estava tossindo muito e com muita febre. E eu, que já estava roxa de preocupação e de saudades, foi a gota d'água para voltar o mais rápido possível.

E foi só eu chegar, entrar em casa que tudo voltou ao normal. A febre já diminuiu e a garganta está melhorzinha. Sofro desde o dia que o João nasceu com essa garganta. Estávamos na praia e o jOão tomava picolé, era certeza que logo depois ele estaria mole pela garganta. Sempre sofri com isso...

Quanto ao amor, que pretendia reencontrá-lo em Paris, finalmente o achei. Mas ainda ñ posso chamá-lo de meu (e desde quando é nosso mesmo?). Agora conto com o tempo, mais uma vez ele me dirá o que a vida me reserva. No mais, estou extremamente feliz de estar de volta, estar com os meus filhos queridos e sossegar em casa.

domingo, 25 de outubro de 2009

Ironias

É engraçado como minha vida sempre foi uma grande ironia. Aliás, ñ foi, é! Estou em Paris, com dois alunos da Universidade p/ assistirmos uma importante defesa de doutorado que irá acontecer dia 26. Ficarei por aqui alguns dias. Por uma lado, tem sido tão bom. Paris é sempre Paris, solteira ou acompanhada. Embora, o que atraia muitos seja o clima afrodisíaco e a oportunidade de renovar o guarda-roupa, busco muito mais que isso.

Mas voltando a ironia da vida. Nasci em 1978, o Brasil estava em plena ditadura militar. A história do meu pai, junto com o ano em que nasci talvez explique porque sempre tive um pé na rebeldia. Fui expulsa de um colégio, tive algumas suspensões, fugia de casa p/ viajar com os amigos do colégio e outras coisinhas mais. Meu pai costumava dizer que eu era avessa às regras. No entanto, tornei-me advogada, me formei numa das instituições mais rígidas. Ñ foi com louvor e distinção, mas me formei.

Sempre gostei de liberdade. Liberdade p/ fazer, pensar e dizer o que bem entender. Amo viajar, ser quase uma mochileira. Aventura pode-se dizer que é meu sobrenome. Ironicamente, engravidei aos 22 anos, tive meus filhos com 23 anos. E tudo aquilo que sempre quis fazer, conhecer a China, o Japão (e confirmar que se cavarmos, ñ vamos parar lá!), saltar de para-quedas ficou no passado. Minha liberdade se foi quando meus filhos nasceram.

Detesto refrigerantes. Minha mãe nos ensinava que ñ fazia bem, sempre nos proibia de tomá-los. Eu e minha irmã só tomavamos em aniversários ou escondidas (o que era muito raro). E advinha?! Casei com um administrador de empresas, que trabalhava na Coca-Cola, a principal fabricante de refrigerantes. A partir daí, pela cota que ele tinha, toda e qualquer reuniãozinha que tinha no condomínio ele ficava encarregado de encher a festa de refrigerantes.

E como se ñ fossem poucas as ironias, vim à Paris, cidade do amor, por trabalho e também procurar o meu amor. Ñ o achei até então e a cada dia ele parece mais distante. Sei que sou instável, uma hora estou completamente satisfeita com minha vida, e em momentos como este, sinto que se ñ encontrá-lo agora, jamais estarei plena, feliz.

E enquanto ñ o acho, passeio, estudo, aproveito Paris. Mamãe me ligou hoje e conversamos muito. Uma conversa de mãe p/ mãe, embora ela ainda me diga coisas do tipo "está se alimentando?" ou "use o agasalho p/ ñ ficar doente!" (o que, ironicamente, eu digo todos os dias aos meus filhos quando conversamos pelo telefone!). Nós mães somos assim. É como diz a minha: P/ as mães, filhos ñ tem sexo, ñ tem idade. É uma grande verdade. Filhos, nossa amor maior - e preocupação também.

domingo, 27 de setembro de 2009

O que era doce, se acabou!

Estava lendo hoje, no domingo, uma matéria interessante sobre o crescimento absurdo de mães solteiras pelo mundo. De fato, o número só cresce! Em países como o Brasil, em que a educação do ensino médio está mais voltado para o vestibular do que para a discussão de assuntos como esses, acho que a situação é ainda pior. Mas o que realmente me chamou a atenção é a universalidade do assunto. No fim, o jornalista diz que a sociedade, em geral, ainda é muito machista pois se um pai abandona seu filho ainda na barriga, é normal, um fato corriqueiro. Mas e quando uma mãe abandona seu filho? Só lhe sobram pedras!

Eu nunca passei por isso. Tive meus filhos num contexto que considera-se "aceitável" ou "normal". Casada. Mas hoje ñ estou casada e sigo criando meus filhos sozinha. Ok, ñ foi uma escolha minha ou um caso de abandono, mas o fato é que os crio só. E me identifico com o caso de inúmeras mulheres, que assim como eu, tentam seguir essa rotina um pouco árdua. Poderia ser um pouco melhor, porque homens (e quando me refiro a homens, ñ penso só em namorado, mas em avôs ou tios) ñ faltaram para suprir essa lacuna do pai. E seria melhor, se ñ fosse o fato de eu ñ aceitar isso.

Eu ñ sei, às vezes me culpo ou acho que sou egoísta ou muito dura por isso. Mas nada me tira da cabeça que pai é insubstituível! Meus filhos o perderam muito novos, reconheço que ainda tem muita coisa pela frente em que a figura paterna será necessária, mas simplesmente prefiro deixar o posto vago eternamente do que, de alguma forma, tentar preencher. E vejo que, mesmo nunca tendo falado isso aos meus filhos, eles vão pelo mesmo caminho (por que querem ou por que percebem isso nas minhas atitudes?!).

Pode ser que essa minha resistência quanto a me casar novamente e, consequentemente, colocar um novo homem na minha casa tenha contado para os meus filhos nunca terem aceitado realmente o Dylan (sim, nosso namoro acabou). Claro, no início do namoro foi bastante complicado. Não trocavam mais de uma palavra com ele. Era sempre "Boa noite Dylan" ou "Até logo Dylan". Com o tempo e as circunstâncias, as coisas foram mudando. Sei que o Dylan ñ tinha muito jeito com crianças, mas ele tentava. Jamais se chateou ou se deixou abater pelo distanciamento dos meus filhos. E ao passar dos dias, ele conquistou o respeito das crianças. Conversavam e saíam respeitosamente. Mas como mãe (ninguém melhor do que mãe p/ conhecer seus filhos) percebia que havia um muro, uma espécie de linha da qual jamais foi ultrapassada.

Fiquei, claro, um pouco triste pelo fim do relacionamento. Foi alguém que se ficou comigo foi porque realmente me amava, do contrário ñ aguentaria o que aguentou. Nos conhecemos pouco tempo depois da morte do Carlos. As crianças ainda enfrentavam essa perda, então a aproximação foi bem lenta. Logo após, em março, perdi meu pai e mais uma vez nos vimos perdidos e juntos, me ajudando com mais uma perda. Mas em nenhum momento prometi coisas das quais sabia que ñ poderia cumprir. Ñ nego, gostaria muito de corresponder, na mesma altura, os sentimentos dele. Dylan foi mais do que precisei naqueles momentos, além de um grande amigo. Aliás, quero ser exatamente isso. Que sejamos grandes amigos.

Minha mãe e minha irmã ficaram extremamente chateadas com o fim do relacionamento. Para elas, o Dylan seria o marido perfeito. Mas a questão é realmente essa: casar de novo. Ainda ñ é o momento. Minhas amigas me perguntam: "Afinal, quando é que será a hora?". Sempre digo que ñ sei. Mas de fato, ñ sei. Se tiver que casar de novo vou casar, mas ñ porque as pessoas me dizem que preciso ou porque é a hora, mas porque eu irei querer, porque saberei que valerá a pena! Até lá, vou curtindo essa doce solteirice!

O que era doce, se acabou!

Estava lendo hoje, no domingo, uma matéria interessante sobre o crescimento absurdo de mães solteiras pelo mundo. De fato, o número só cresce! Em países como o Brasil, em que a educação do ensino médio está mais voltado para o vestibular do que para a discussão de assuntos como esses, acho que a situação é ainda pior. Mas o que realmente me chamou a atenção é a universalidade do assunto. No fim, o jornalista diz que a sociedade, em geral, ainda é muito machista pois se um pai abandona seu filho ainda na barriga, é normal, um fato corriqueiro. Mas e quando uma mãe abandona seu filho? Só lhe sobram pedras!

Eu nunca passei por isso. Tive meus filhos num contexto que considera-se "aceitável" ou "normal". Casada. Mas hoje ñ estou casada e sigo criando meus filhos sozinha. Ok, ñ foi uma escolha minha ou um caso de abandono, mas o fato é que os crio só. E me identifico com o caso de inúmeras mulheres, que assim como eu, tentam seguir essa rotina um pouco árdua. Poderia ser um pouco melhor, porque homens (e quando me refiro a homens, ñ penso só em namorado, mas em avôs ou tios) ñ faltaram para suprir essa lacuna do pai. E seria melhor, se ñ fosse o fato de eu ñ aceitar isso.

Eu ñ sei, às vezes me culpo ou acho que sou egoísta ou muito dura por isso. Mas nada me tira da cabeça que pai é insubstituível! Meus filhos o perderam muito novos, reconheço que ainda tem muita coisa pela frente em que a figura paterna será necessária, mas simplesmente prefiro deixar o posto vago eternamente do que, de alguma forma, tentar preencher. E vejo que, mesmo nunca tendo falado isso aos meus filhos, eles vão pelo mesmo caminho (por que querem ou por que percebem isso nas minhas atitudes?!).

Pode ser que essa minha resistência quanto a me casar novamente e, consequentemente, colocar um novo homem na minha casa tenha contado para os meus filhos nunca terem aceitado realmente o Dylan (sim, nosso namoro acabou). Claro, no início do namoro foi bastante complicado. Não trocavam mais de uma palavra com ele. Era sempre "Boa noite Dylan" ou "Até logo Dylan". Com o tempo e as circunstâncias, as coisas foram mudando. Sei que o Dylan ñ tinha muito jeito com crianças, mas ele tentava. Jamais se chateou ou se deixou abater pelo distanciamento dos meus filhos. E ao passar dos dias, ele conquistou o respeito das crianças. Conversavam e saíam respeitosamente. Mas como mãe (ninguém melhor do que mãe p/ conhecer seus filhos) percebia que havia um muro, uma espécie de linha da qual jamais foi ultrapassada.

Fiquei, claro, um pouco triste pelo fim do relacionamento. Foi alguém que se ficou comigo foi porque realmente me amava, do contrário ñ aguentaria o que aguentou. Nos conhecemos pouco tempo depois da morte do Carlos. As crianças ainda enfrentavam essa perda, então a aproximação foi bem lenta. Logo após, em março, perdi meu pai e mais uma vez nos vimos perdidos e juntos, me ajudando com mais uma perda. Mas em nenhum momento prometi coisas das quais sabia que ñ poderia cumprir. Ñ nego, gostaria muito de corresponder, na mesma altura, os sentimentos dele. Dylan foi mais do que precisei naqueles momentos, além de um grande amigo. Aliás, quero ser exatamente isso. Que sejamos grandes amigos.

Minha mãe e minha irmã ficaram extremamente chateadas com o fim do relacionamento. Para elas, o Dylan seria o marido perfeito. Mas a questão é realmente essa: casar de novo. Ainda ñ é o momento. Minhas amigas me perguntam: "Afinal, quando é que será a hora?". Sempre digo que ñ sei. Mas de fato, ñ sei. Se tiver que casar de novo vou casar, mas ñ porque as pessoas me dizem que preciso ou porque é a hora, mas porque eu irei querer, porque saberei que valerá a pena! Até lá, vou curtindo essa doce solteirice!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

31 Primaveras.

Mais uma primavera completada. Quando apaguei a velhinha do bolo (sim, ganhei bolo! rs) olhei ao meu redor e ñ tive corajem de pedir alguma coisa. Agradeci. Mas agradeci com tanta vontade, com tanto amor que até chorei. Chorei sem tristeza, chorei sem culpa, chorei por felicidade.

Agradeci porque o último aniversário passou quase desapercebido (quase, se ñ fosse o fato de ter completado 30 anos). Completei 31 primaveras muito bem vividas. Embora nem todos os que amo estavam presentes (sei que todos estavam presentes no meu coração, quem sabe alguns em alma), mas as principais pessoas da minha vida, mues amados filhos, estavam do meu lado, agarradinhos comigo. Já ñ houve mais a crise dos 30 (na verdade nem houve crise, houve muita reflexão) e aprendi mais uma lição. Ñ ligar para rótulos. Ñ sou uma balzaquiana, ñ sou uma mulher de 30 anos, sou simplesmente (se é que há simplicidade nos conflitos femininos) uma mulher que ñ quer entrar em categoria nenhuma.

Agradeci também a bela homenagem. Meus queridos alunos cantaram parabéns logo na primeira aula (e eu achei que nenhum deles lembrava ou sabia). Minha mãe foi a primeira a me ligar, conversamos, choramos (todo ano ela me faz chorar, incrível!). Meus filhos me deram um perfume maravilhoso (escolhido pelos dois, olha que lindo! eles têm ótimo gosto, são meus filhos mesmo - coruja né!), além de muito carinho o dia inteiro. No intervalo da minha queridíssima irmã também me liga para me parabenizar e me falar tudo o que já sei, mas é sempre bom ouvir de novo! Meus sobrinhos, tão fofos. Gritaram do outro lado do telefone: TITIA, PARABÉNS! Ao invés de jantar, preferi almoçar fora, pois assim meus filhos me acompanhariam. E fomos todos. Alguns colegas de trabalho, minha amiga Marie, meus filhotes e meu amor. Foi maravilhoso. Foi quando um delicioso bolo de morango surgiu e tive que apagar as velhinhas.

E como se ñ bastasse, Dylan me deu um presente maravilhoso. Lindo. Um pingente de ouro escrito em japonês Felicidade. Amei tb. Enfim, foi um aniversário inesquecível, cercada por amigos e pessoas queridas. Como disse, só podia agradecer. Cada minuto desse último ano, mesmo os mais difíceis, cada acontecimento, cada ação de Deus na minha vida e na vida dos meus filhos. E todos aqueles, que de alguma forma, contribuiram para o meu crescimento e minha felicidade nesse último ano.

domingo, 16 de agosto de 2009

Alegremente Mãe.

Outro dia conversando com um amigo especial (Gil, dessa vez é vc mesmo!), botando o papo em dia, percebi e analisei as mudanças que já passei com meus filhos.

Estávamos conversando, ele muito alegremente me contou sobre essa nova fase de vida, cheia de expectativas e planos. Um deles seria encomendar o primeiro filhote para o próximo ano. Fiquei, claro, muito feliz com a notícia e falei rapidamente de alguns cuidados que ele teria, os quais tomei quando meus filhos eram pequenos.

E quando citei alguns, outros me vieram a cabeça, me fazendo perceber que hoje posso agradecer e desfrutar de algumas coisas.

Nos primeiros anos dos meus filhos, a temperatura da minha comida era quase fria. Sempre era a última a comer, em casa ou em restaurante. Quando se tem filhos bebês, a vida se resume a um relógio. Existe, claro, o prazer de ver seu filho se desenvolvendo, pronunciando as primeiras palavras ou dando os primeiros passos, entretanto, seus atos precisam estar "cronometrados". Nós passamos a ter hora para chegar em casa, para sair de casa, hora para comer, hora para dormir, hora de tomar banho, etc. Eu poderia citar inúmeras situações que, quando se é solteiro ou apenas recém-casado, parecem ser tão simples, mas quando há filhos torna-se quase um evento! rsrs

Sinto uma imensa felicidade em olhar para os meus filhos e ver os avanços que fizemos. Posso chegar num aniversário infantil e sentar, observar a decoração e a animação da festa, sem ter que ficar correndo atrás das crianças ou preocupadas com o que vão mexer (melhor ainda. Ver a Maria se divertindo com as brincadeiras do palhaço, ao invés de carregá-la e tentar calar seu choro porque ela morria de medo do palhaço); consigo andar tranquilamente num shopping sem ter que ficar com os dois braços ocupados segurando um filho em cada lado para que ñ corram para a loja de brinquedos e comecem a querer tudo que está na vitrine; posso dirigir tranquilamente com os dois no carro, sem ter que ficar olhando o tempo todo pelo retrovisor; posso até mesmo comprar um carro sem ter que adaptá-lo para crianças, criando travas nas portas traseiras; posso também levá-los no restaurante e ter momentos agradáveis porque sei que ficarão sentadinhos ou no máximo irão procurar alguns brinquedos, mas ñ sairão correndo pra cozinha ou chorarão de sono, implorando pelo gagau.

Por outro lado, ainda há muitas coisas que ñ (re)fiz depois que tive filhos e, sinceramente, ñ sei quando ou se farei de novo. Ñ consigo dormir fora de casa ou sair sem ter hora pra chegar. O máximo que consegui foi chegar às 2 da manhã de um jantar com os amigos. Sabia que estavam bem, mas quando cheguei a primeira coisa que fiz foi vê-los, fui em cada quarto ver se estavam embrulhados ou se estavam com frio. Como eles sempre dormiram cedo, sempre acordam muito cedo. Por conta disso, eu ñ passo das 8:30 da manhã. Há 7 anos! rsrs. Assim como todo mês eu sou a última na lista de orçamento!

Talvez ao ler isso, os solteiros sem filhos podem se perguntar: Vale a pena?! Embora o quão cansativo seja tudo isso, respondo com uma certeza que vem do fundo da minha alma: Vale e muito! Concordam quando algumas mães dizem que ao nascer um filho, seu coração a bater fora dele. Concordo. E ainda acrescento. Tudo nessa mulher passa a funcionar e trabalhar em razão desse filho. E digo com firmeza: Nasci para ser mãe. Porém, mãe da Maria e do João. Ñ sei se algum outro virá.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

7 anos...

Ah....Os gloriosos dias de férias chegam ao fim. Não para os meus filhos, mas para mim, que tornei-me professora universitária e tenho que seguir o calendário escolar. No dia 13 de agosto tenho que me apresentar de volta ao meu trabalho, a minha casa, a minha vida.

De tudo de bom que ocorreu nessas férias, posso resumir tudo em uma palavra: família. Você pode passar 5, 7, 10 anos sem ver sua família completa, mas quando os encontra e os reuni parece que o tempo ñ passa.

Porém, eu ñ poderia deixar de escrever (muito mais agradecer!) sobre o aniversário "improvisado" dos meus filhos. Talvez se ñ estivesse aqui em Londres, se estivesse no Brasil ou nos EUA, certamente o aniversário deles ñ seriam tão bacana quanto foi aqui. Este foi o primeiro sem o pai e sem o avô. Obviamente que eles lembraram, sentiram, mas eu já estava preparada para isso. Na noite antes do dia deles, saí com meus primos para alguma loja de brinquedos interessante. Achei algumas lembrancinhas interessantes, porém ñ foram os presentes que marcaram este ano.

Dormi. Dormi sem me preocupar com horário, embora isso seja uma grande ilusão porque enquanto meus filhos forem pequenos, eu ñ passarei das 8:30! Mas voltando ao assunto, dormi tranquilamente acreditando que estava tudo organizado. Bolinho, presentes e um passeio especial. Acordei um pouco antes dos meninos ( e aqui tem que haver um parêntese especial. Dia dos Pais, Dia das Mães, Natal, Ano-Novo, qualquer data especial nós nos acordamos e ficamos um tempinho agarrados na cama. Como o dia seria deles, acordei alguns minutos antes para dar o primeiro abraço!), tomei um banho, preparei um café especial pra eles e peguei os presentes. Estavam lindamente abraçados dormindo, por um instante tive pena de acordá-los, mas mantive a nossa tradição e acordei-os. Inicialmente ficaram felizes. Nos abraçamos, trocamos beijos, todo aquele ritual e entreguei o presentes. O João ganhou um mp4 do Ben10 - exatamente o que já vinha pedindo há uns 3 meses - e a Maria ganhou uma sandália lilás linda. Ainda estavam meio sonolentos e continuaram por uns minutinhos na cama. Nesses meio tempo, fiquei admirando-os, como toda boba mãe e um pequeno filme passou na minha cabeça. Meu Deus! O tempo passa tão rápido! Ainda me lembro preparando a festinha do primeiro aniversário, as roupas e decoração...E agora estão assim, enormes, completaram 7 anos!

Ñ gostaria que o tempo voltasse, mas gostaria que ñ passasse tão rápido. Minhas pequenas crianças, que até pouco tempo atrás precisavam segurar meu dedo para andarem já estão correndo, indo sozinhos para escola, escolhendo suas roupas e tudo! O João, meu menino tão calado, doce, observador está se tornando um homenzinho, com seu jeito todo protetor, que em alguns momentos se parece com meu pai e em outros se parece com seu pai, tão acolhedor, algumas vezes querendo se comportar como o homem da casa. E a Maria! Minha menininha que corria pela casa com seu "bibi" rosa, com os vestidos amarelos e broches verdes agora está tão crescida, continua adorando vestidos amarelos, mas está tão madura...Meu Deus! Filhos, filhos...

Bom, mas depois de admirá-los feio uma leoa, mandei tomarem banho e descer. Depois de prontos, quando pisamos fora do quarto, SURPRESA! Minha mãe, minha irmã, meus sobrinos, meu tio, quase toda família na porta do quarto esperando por eles! Uma coisa linda! Um bolo lindo, escrito João e Maria, na sala de estar uma faixa com "Happy Birthday", enfim, algo que eu ñ esperava. Me cortou o coração quando, na hora de partir o bolo, Maria me olhou e perguntou: "Seria bobagem se eu pedisse que meu pai voltasse?!". Até ai, controlei as lágrimas. Porém, em seguida, João perguntou: "E se ñ desse pro papai voltar, poderia ser pelo menos o vovô?!". E até agora, quando falo ou lembro, meu olhos ficam molhados. Foi o primeiro aniversário sem o pai e sem o avô. Sei que será o primeiro de muitos, mas infelizmente esses lacunas jamais serão preenchidas.

E por tudo isso, o meu muito, muito, muito obrigada família por essa "festinha" pros meus pequenos - agora menos pequenos! É...Ser mãe é uma dádiva! Ter uma família como a minha ñ é sorte, é milagre. Em tempos que se diz "Casamento é isntituição falida", "Filhos?! Ñ tenha!" ou "Dinheiro ñ é tudo, mas é 100%", ter esse aconchego familiar é a maior prova de sorte, benção, vida, chame como quiser, mas seja lá como o define, é muito bom!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Ah, Férias!

Ah, as férias. Faça frio, faça calor, férias são sempre férias e são muito bem-vindas!

Estamos aqui em Londres, num falso verão, mas numa verdadeira alegria. Pode ñ parecer de bom tom dizer que estamos bem, afinal como sempre na minha vida, esse semestre foi doloroso e marcante por conta de papai, mas definitivamente estávamos nos devendo essas férias.

Por que Londres?

Como todos sabem, minha mãe é londrina. Toda nossa família materna é de Londres. Mamãe vinha bastante depressiva, apesar de ter passado o resto de semestre comigo e me ajudando nos cuidados com as crianças, mas a morte do papai realmente a abalou muito. Claro, a todas nós, mas especialmente mamãe. Eu e minha irmã então decidimos passar as férias aqui, em Londres, para que ela tivesse esse conforto de família, além de matar as saudades também. E tem sido muito bom.

Já no primeiro dia, aprendi uma grande lição: Família é sempre família, ñ importa a etnia! Quando desembarcamos no aeroporto, fomos recebidos com uma alegria e generosidade que só família pode dar. Tudo bem que os ingleses ñ são lá muito calorosos ou tão sentimentais como nós brasileiros, mas somos uma família e isso ñ se muda. Quando meus tios, tia Ally e tio Frank abraçaram mamãe, percebi que estava em casa. Eles ñ conseguiram aguentar a emoção de se abraçarem de novo, estarem juntos tal qual como eram pequenos.

Ao sair do aeroporto, soubemos que um almoço nos aguardava. Era a primeira vez que nossos filhos, meus e os da Dani, tinham de fato contato com a família da mamãe. A última vez que toda a família Owen estava reunida mesmo foi quando o João e a Maria completaram 1 aninho. Ou seja, há 6 anos atrás. A Gabi ainda tinha 2 anos!

A casa dos meus avós continuava a mesma. Linda como sempre, mas um pouco maior. Tio Frank fez algumas reformas, o que a deixou mais aconchegante. A sala de jantar agora tinha uma mesa enorme. Mas ainda sim ñ foi suficente para todos. Um momento que jamais esquecerei na vida. Todos da família Owen ali! Vamos ver se ainda lembro de todos: Tio Frank, seus três filhos, Melissa, Thomas e Vince (eu adorava brincar com esses meus primos) e o único neto dele, Damien (4 aninhos já! E ainda nem o conhecia!) filho de Vince; Tia Ally estava apenas minha prima Samantha, pois James, meu outro primo ñ estava presente e por fim mamãe, a caçula. Com um detalhe: o nosso mordomo de sempre ainda estava lá! Albert, velho e bom Albert continua conosco, sempre cuidando de todos os detalhes! Se meus avós estivessem vivos, certamente chorariam se vissem aquela reunião familiar!

O almoço foi incrível. Foi tipicamente inglês, com muitas iguarias que só se encontra na Inglaterra! De início, João, Maria, Gabi e Vittorio ñ gostaram muito do que viram, mas depois mostraram que também são Owen! rsrs. Eles amaram o Fish and Chips (peixi frito com batata frita!). Mas também tinha Shepherds Pie (torta feita com carne de carneiro moida, legumes e purê de batata por cima). O melhor dos ingleses é a sobremesa, por serem especialistas em pudim. E eu que amo pudim, me acabei nisso!

Depois do almoço, hora de atualizar a família. Nossa! Quanta conversa! Parece que ñ nos víamos há uma década! Todos ficaram impressionados de ver como os nossos filhos estavam enormes. O João, palhacinho como sempre, já estava totalmente a vontade, conversava até com todo sotaque inglês com meus primos, foi tão engraçado! E o Vito, meu sobrinho caçula, quando olhou a lareira da sala principal gritou: "Mamãe, é por ali que Papai Noel desce!". Ai...Era exatamente disso que eu sentia falta. Pela primeira vez em 5 meses, eu vi minha mãe sorrir. Dar gargalhadas! Estava tão leve.

No fim do dia, tentamos ir pro Hotel. Ñ conseguimos, fomos impedidos pela família! Todos queriam nos acolher de qualquer jeito. O Vince insistiu pra que eu ficasse na casa dele. Mas optamos por ficar em casa mesmo. Eu e as crianças estamos no quarto que era de mamãe. A Nanda está encantada com as bonecas que a mamãe costumava brincar. Mamãe e Gabi estão no quarto que costumava ser de tia Ally. Já a Dani, Vit e Vito ficaram no quarto que costuamava ser do tio Frank. Todos acomdados.

E aqui estamos nós, aproveitando cada minuto de aconchego familiar, cada passeio, matando saudades, se curtindo, nos conhecendo ainda mais. Eu e Dani estamos corujando a família, mas estamos sentindo falta de nossos amores. O Edu, meu cunhado, ñ conseguiu férias e ficou no Rio. E o Dylan está ministrando uns cursos de férias pela Universidade, também ñ pode vir. É uma prova de fogo! Ei Dylan, segura a onde aí amor!

Bom, por enquanto. Adoraria continuar escrevendo sobre minha maravilhosa família, falar sobre cada um, mas ñ tenho muito tempo pra isso. Estamos de saída para um passeio.

P.S: My students, keep studying! See u al when I get back! I luv u guys and plz, plz, take care of my Dylan! rsrsrs

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Double Star.

O mundo está de luto. Michael Jackson deixou este mundo dia 25 de junho de 2009. Mas pessoas como M.J morrem?! Morreu mesmo?!

Michael simboliza uma era, foi um divisor de águas. Existe um mundo antes de Michael e depois de Michael. Sua popularidade é tão grande, que me pergunto: Ele realmente morreu? Explico: ñ, ñ morreu. Os médicos dizem que o coração de Michael deixou de bater. Mas o que era o coração de Michael se ñ a música e a dança? E suas músicas e danças pararam? Ñ!!!! Então, Michael jamais morrerá! Michael ñ morreu! Ele ficará eternizado cada vez que ouvirmos aquela risada sinistra, cada vez que ouvirmos as palavras "Black or White" ou simplesmente ao ver alguém de luvas e chapéu, pensaremos: É Michael Jackson vivo em cada um de nós.

Confesso que pra mim Michael ñ era minha primeira opção de CD. Vinha logo após de Madonna. Mas se falar em música pop e ñ lembrar de Michael Jackson é o mesmo que ñ falar em música pop! Mas quando soube, li na internet que Michael Jackson havia deixado este mundo foi impossível ñ pensar nele por uns 2 minutos. Porém, logo após o choque inicial da notícia percebi que pssoas como ele ñ morrem. Tal qual Elvis Presley, Lady Diana ou mesmo Farrah Fawcett, a pantera mais famosa que tmabém morreu ontem.

Aliás, também fiquei muito chocada que Fawcett faleceu. Quem nunca quis um cabelo como o dela, quando ela estava no auge das Panteras?! Eu sempre quis um cabelo como o dela. Loiro e cheio de movimento! Lindo! Farrah foi diva até o último minuto. Tornou-se ícone nos anos 70, continuou a conquistar em seus filmes e na luta contra o câncer foi majestosa quando dividiu essa dura batalha com seus fãs e pessoas que também passam pela mesma batalha.

É...Talvez ontem tenha sido o mais difícil dia para o mundo artístico. Duas grandes estrelas, cada uma a seu modo e sua forma, mas duas pérolas foram escolhidas para brilhar em outro lugar, nos iluminar de outra maneira. Sabemos que eles são insubtituíveis. Jamais haverá algum outro Michael Jackson ou outra Farrah Fawcett, mas ficarão suas obras, seus trabalhos, suas conquistas. De todo o coração, DESCANSEM EM PAZ!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Presente Inusitado!

Por conta do nosso aniversário de namoro, eu e Dylan "trocamos" presentes no último fim de semana. Consegui um sábado à noite só nosso e nos programamos para uma noite especial.

Jantamos muito bem num restaurante gostosinho e aconchegante aqui por perto. Fui toda empolgada dar o meu presente que demorei um bom tempo pra comprar e estava muito ansiosa para ver a cara do Dylan. Comprei pra ele um relógio lindo, que outro dia vimos juntos, mas ele acabou esquecendo de comprar. Ele amou! Fez uma cara de bobo e ficou sem palavras. Até então, tudo ia perfeitamente bem. Até que ele puxa elegantemente uma caixinha pequena, parecendo ser uma jóia. E era, porém diferente. Era um colar, com três pingentes soldados, um casal de bonequinhos e um anjinho por terceiro. Fiquei sem chão ao ouvir dele: "O terceiro pingente é um anjo. Não tem sexo. Mas quero te pedir que suspenda o anticoncepcional. Vamos ter um bebê!". Por uns 20 seg fiquei calada. No fim, o que era para ser uma grane noite, acabou sendo um grande fiasco. Acabamos brigando e cada um voltou para sua casa.

Por que é tão difícil entender que neste momento eu ñ quero ter outro filho?! Por que atropelar as coisas? Mesmo parecendo que as coisas se encaixaram, ainda tenho muitas coisas a resolver até ter outro filho, SE tiver outro filho. Sei que quanto mais adio a idéia, menos tenho coragem de realizá-la. Quanto mais o tempo passa, mais meus filhos crescem e provavelmente se acostumarão a ser únicos, a viver em dois. Por outro lado, ter um filho agora seria imprudência minha. Perdi meu pai há algun meses, minha mãe ainda está comigo e nosso relacionamento tem menos de 1 ano. Me sinto péssima em decepcioná-lo, afinal ele tem sido mais solicito que eu na nossa relação, porém o que ele me pede é algo sério demais. Não vou ter um filho só para solidificar uma união, só porque vivemos felizes ou nso damos bem. Filho é mais que isso. Filho é pra vida toda, é uma ligação eterna. Deus sabe o esforço termendo que faço para cuidar desses dois, sozinha.

Gostaria que ele entendesse isso. Às vezes percebo quando os olhos dele brilham ao passar por uma loja com roupas de bebês. Ele fica fascinado e, embora disarçe, sei que fica me imaginando grávida. Ñ nego que vê-lo assim, tão louco para formar uma família me deixa alegre, porque sei que isso demonstra uma seriedade de sua parte. Ficarei honrada em ser a mulher dele, só ñ quero isso agora pra mim. Ñ é por falta de confiança ou por falta de amor, é pelo fato de saber que as coisas ñ são assim.

Adoro o Dylan, foi sem sombra de dúvidas o melhor relacionamento que tive, só ñ pretendo repetir o erro. Casar, ter filho, tomar atitudes no calor da emoção, no calor da paixão. Até porque se fizer isso, já ñ terei mais 22 anos...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

5 meses!

Meu amor!!! Estamos completando 5 meses de namoro! Depois de tudo que passamos juntos, me pergunto: "só isso?!". É...É só isso.

Por mais que os acontecimentos em nossas vidas tenham sido rápidos e inesperados, superamos todos em tão pouco tempo que fico me perguntando se nosso namoro viraria uma boa novela...Porque o que ñ falta é história....

Nossa, primeiro de tudo, posso com toda segurança dizer que esse foi, até agora, o melhor relacionamente que eu tive em toda minha vida. Ter a confiança de dividir minhas lágrimas, minhas risadas, minhas incertezas, meus problemas, ter a maturidade de nos dividir é muito bom. Jamais senti isso. E olha que vc tá me aturando com um pacote que nem eu imaginava!!
Aguentar sogra (ñ que minha mãe seja uma sogra ruim, ela é ótima - palavras de atual e ex - mas enfim...), meus filhos (querendo ou ñ, só namoro quando tenho folga deles né!) e eu né! rsrsrs. Que eu acho que do pacote todo, a parte mais fácil seja minha mãe e meus pequenos...Mas então, amorzinho, ñ é a toa que vc é professor porque paciência vc tem de sobra!!

Mas falando sério, eu realmente estou muito feliz (claro, na medida do possível!) com o que estou vivendo com vc, vc me traz muita serenidade, muita tranquilidade pra minha agitada vida, me faz um bem enorme e além de tudo, é romântico (embora vc ñ admita, mas vc é bem mais que eu!).

Agora, vou me parabenizar também tá porque vc também ñ é um santo né! Eu aturo seu ciúme (e que ciúme hein!), seu mau-humor de segunda-feira, sua bagunça de livros e armários, os sapatos espalhados pelo seu apartamento, a sujeira que vc deixa quando resolve cozinhar, sua teimosia (aliás, acho que isso é de todo homem né!), enfim aturo esses "pequenos" detalhes que a gente vai ajustando com o tempo...
Porém, mesmo estando feliz com essa nossa "parceria", desculpa amor, mas ainda ñ penso em casamento. O futuro a Deus pertence, então só o que quero são mais 5 meses assim, de muito carinho e companheirismo. O que tiver de ser, será. Se tivermos de casar, casaremos, mas ñ hoje, nem amanhã, nem no próximo mês, casaremos quando tiver que ser, se tiver que ser. Te amo, mas já diz o ditado que em time que tá ganhando, ñ se mexe!!!!

Bjs.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Para Daniela!

Fiquei devendo esse post desde o dia 8 de maio. Qual seria a razão da dívida? Bom, faz tempo que gostaria de escrever um texto digno sobre minha amadíssima irmã, Daniela. Como no dia ñ estava inspirada (ñ pela data, pelas circunstâncias!), hoje acordei pensando nela e ñ podia haver melhor razão.

Pelo fato de sermos mulheres e irmãs, as comparações entre nós era inevitável. Incansavelmente, os familiares nos comparavam no comportamento, na aparência, na personalidade, nos estudos, enfim, em todos os fatores. E olha que ñ somos gêmeas. Enquanto criança, achava isso uma estupidez. Hoje, percebo que isso acaba sendo inevitável. E como todos percebem, as diferenças ñ se limitam a aparência.

O que sempre admirei na Dani é a personalidade. O fato dela ser fisicamente a mamãe faz dela linda, maravilhosa (salve a mamãe! rsrs). O que a faz tão especial, pelo menos pra mim, é que por dentro ela é toda o papai. Em tudo, absolutamente tudo é dele. O jeitão carinhoso, meiga, protetora, determinada (isso é de família, ñ tem jeito!), algumas vezes até os olhares e falas se repetem. E isso ñ é algo íntimo nosso. Todos nos dizem a mesmíssima coisa: fisicamente, Dani é a versão mamãe, assim como eu sou toda o papai (do dedinho do pé até o último fio de cabelo). Mas a personalidade é trocada, por completo!

E quem lê esse texto, pode pensar: "Que linda relação de irmãs!". E é, mas nem sempre foi esse mar de rosas. Já brigamos muito, algumas entraram pra história de tão oméricas. Concordo que na maioria (ou sempre...) por minha culpa ou causa. Todos também sabe que nunca fui calminha, tranquila, do tipo boa menina. Isso ficou com a Dani, que na falta de mamãe, me repreendia por isso. E isso eu confesso que é admirável na Dani. Ela incorpora esse jeito do papai, de proteger todos ao redor (ou mesmo até desconhecidos), essa preocupação com o social, com a sociedade, essa vontade de ajudar todo mundo. Ela, inúmeras vezes, assumia culpas ou tentava aliviar meu lado, mas ñ somente pelo fato de sermos irmãs, mas por ser uma característica dela.

Certamente, a falta que o papai deixou se faz presente quando a tenho por perto. De alguma forma, sei que ele está ali, sei que sempre haverá Dani representando sua bondade, sua solidariedade, seu afago, essa ternura que tanto nos acalmava. Que sortudos os mues sobrinhos (Gabi, Vit e Vito) por a terem esse ombro, esse colo. E o que dizer do meu cunhado?!

Bom, tudo o que eu posso falar da minha irmã está aqui. Tudo o que penso, observo, admiro, enfim, quem nunca conheceu minha irmã, sinta-se apresentado. Se falar mais, estrago! rsrsrs. E é bom ñ divulgar muito né, afinal, tesouro a gente esconde né! rsrsrs

Inúmeros beijos maninha, te amo hoje e sempre! Que Deus a abençoe sempre!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Dilemas Femininos.

A velocidade com que os relacionamentos evoluem pode ser assustador para uns, prazeroso para outros. Confesso que pra mim, é assustador. Tenho 30 anos. Isso hoje signifca que ainda tenho muito tempo pela frente (será?), ainda posso viver bastante. Mas o fato da idade estar a meu favor, ñ quer dizer que eu tenha que viver tudo de uma vez, correr ou apressar as coisas.

Gosto de curtir, de aproveitar o momento. Claro que ganhei isso com a maturidade e as responsabilidades. O fato de ter perdido meu pai recentemente só reforçou a idéia de que temos que aproveitar mais intesamente cada momento vivido. Talvez isso ñ passasse pela minha cabeça há alguns anos atrás. Se tivesse a concepção que tenho hoje, muita coisa eu teria evitado na vida. Mas também se ñ tivesse vivido, ñ teria a maturidade que tenho hoje. É a velha relação causa e efeito.

Obviamente, ñ sou da época de namorar no portão, sob as vistas de pai e mãe. Mas hoje ñ busco um relacionamento rápido, quero curtir cada espaço, quero fazer tudo no seu devido tempo, no devido momento, sem necessariamente achar que por conta da intimidade, já devo pensar em casar de novo.

Nunca casei na igreja, nunca foi de minha vontade, por mais que paixão falasse alto. Nem penso em fazer isso tão cedo. As pessoas podem pensar que tive um péssimo casamento ou fiquei com alguma espécie de trauma ou frustração. Nem uma coisa, nem outra. Meu casamento foi bom enquanto durou. É isso. Gostei da experiência, achei bacana o que vivi enquanto dividi minha vida com aquela pessoa. Mas tudo passa. Ñ sei se quero repetir a experiência, gosto das coisas como estão: cada um na sua casa, cada um no seu devido espaço.

Pensei bastante sobre isso recentemente. Enquanto saí com a mamãe para fazer umas compras básicas p/ casa, deixei as crianças sobre os cuidados de Dylan. ele estava com a tarde livre, achei uma boa ocasião para aproximá-los ainda mais. Quando cheguei, meus filhos estavam ótimos, tomados banho e cada um fazendo suas atividades. Achei lindo, amei isso. Mas fiquei pensativa quando mamãe disse pra ele: "É Dylan, parece que vc levou jeito com os meninos!". Ele, muito entusiasmado, respondeu: "É D. Lizzie, estou em fase de treinamento para quando tiver os meus!". Se estivesse com um copo ou segurando alguma coisa, certamente teria caído. A resposta do Dylan foi bem sugestiva, bem direta.

Perguntei-me durante a noite: "Será que ele ñ está muito apressado? Ou sou eu que ñ percebi que as coisas estão caminhando para esse lado?". Eu adoro a nossa convivência, o fato das crianças estarem mais próximas dele, o apoio que ele tem dado a minha mãe, enfim, tudo tem sido muito bom, muito gratificante. Mas isso implica numa fase de experiência de pré-casamento?!

Se for, vai tudo contra o que penso. Eu ñ pretendo ter mais filhos. Por mais apaixonada que esteja, mas eu realmente ñ quero mais filhos, estou tão satisfeita com os meus, sou completamente feliz com eles, ñ me vejo repetindo o trabalho de acordar de madrugada, fraldas, pipos e mamadeiras. Nem mesmo me vejo num novo casamento, numa nova rotina de descobrimentos do tipo: como ele dorme? quais suas manias? como ele organiza livros, revistas, camisas, sapatos? Mas também penso: se ñ quero isso, mas meu relacionamento caminha para isso, o que farei quando chegar no ponto de juntar escovas? Estou muito confusa. Talvez seja pura bobagem de minha cabeça, talvez eu esteja apressando as coisas. Ou talvez eu esteja ignorando a realidade.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Abençoada.

Faz um bom tempo que ñ escrevo aqui, infelizmente. Depois da perda do meu pai, com a sucessão de fatos e assuntos a resolver, pouco tempo me sobrou p/ sentar e escrever. Pode ñ parecer, mas já completou um mês de perda, um mês de muitas saudades. Muitos me dizem: "Nossa! Já? Passa rápido hein!". Talvez. Pra quem está de fora, realmente pode parecer que o tempo voou. Mas ñ para nós. Porém, ñ estou aqui para dissertar sobre as saudades que meu pai deixou. Isso fica no seio da minha família.

Mas venho aqui para agradecer à Deus, principalmente, essa dádiva de ter alunos como os meus. E ñ foi só agora, por ter passado mais essa na minha vida, que percebo isso. Sei que muitos brasileiros tem um certo receio aos americanos (digo isso porque também sentia. Achava-os muito frios, embora minha mãe seja inglesa e os ingleses têm a fama de ser tão frios quantos os americanos), mas mudei minha concepção quando cheguei aqui e fui recebida de maneira tão carinhosa, coisa que jamais esperava. Sei que muitos podem pensar: "Você já está nos EUA há 1 ano e agora que fala sobre isso?". Sim, concordo, talvez seja meio tardio para reconhecer esse afetuosidade, mas antes tarde que nunca.

Estava ausente principalmente porque viajei durante 3 dias para Chicago, com minha turma para uma conferência sobre Direito de Família. Nessa área na Universidade somos 3 professores. Meus dois colegas são feras, profissionais realmente admiráveis. E para minha grande surpresa, a turma poderia escolher somente um professor para acompanhá-los nessa viagem. Advinha quem foi escolhida? Claro, eu!! Fiquei hiper feliz! Ser escolhida pela turma foi gratificante. Eu fui alegre e satisfeitíssima (mesmo, como toda boba mãe, preocupada com meus pequenos, que ficaram aos cuidados de minha mãe e do meu amor) curtir essa bela oportunidade. O entrosamento que tenho com os meus alunos é muito grande, nos fins de seman até sinto falta da companhia deles.

Lembro que quando me formei, jamais pensei em dar aulas ou ser professora. Isso, pra mim, estava fora de cogitação. Eu observava alguns estresses casuais que minha passava e pensava: "Ñ quero isso pra mim!". Mesmo ela dizendo que "apesar de tudo, nada tirava o prazer de educar cidadãos". Eu ñ entendia. E quando recebi essa proposta de trabalho, no primeiro momento, pensei em recusar. Contudo, as vantagens ficaram interessantes, a oportunidade de novos desafios falou mais alto e topei. Depois de ser mãe, foi umas das melhores coisas da mina vida! Hoje percebo exatamente esse "prazer" que minha mãe tanto falava. Realmente, a experiência vale a pena. Principalmente quando se tem alunos como os meus: inteligentes (percebam que pra mim, meus alunos são como filhos! sou toda boba!), educados e muitos carinhosos.

E além de tudo isso, essa oportunidade de trabalho me fez um conhecer esse homem tão especial na minha vida, o meu amorzão que me ajuda e apóia a todo momento. Mesmo perdendo quem perdi, eu ñ poderia estar mais feliz na minha vida. Estou num ótimo emprego, tenhos dois filhos lindos e saudáveis, uma família linda, unida, feita de mulheres guerreiras e batalhadoras e um homem maravilhoso, que mesmo muuuuuito ciumento, é meu companheirão. Oh Pai, só faltava você pra minha felicidade estar completa. Mas onde estiveres, continua abençoando sempre tua família que deixastes aqui. É isso. Meus alunos queridos, vcs ficarão guardados na minha memória sempre!
Bjocas. Amo vcs. Ou, no idioma americano, I Luv U!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Companheirismo.

Os últimos dias têm sido complexos, uma sensação que nunca senti antes. Diante de tanta saudade, diante de tanta dor, continuar acordando e vivendo um dia por de cada vez é uma regra, uma lei.

É claro que ter essa aparente força toda ñ é fácil. Por isso, hoje tomo o espaço para agradecer profundamente meu namorado, meu amigo Dylan. Recebi um companheirismo ímpar de sua parte, atitude completamente inesperada, mas que me fez sentir segura, num momento tão ruim. Quando peguei meus filhos de maneira inesperada, mais uma vez, para dar uma notícia tão triste, tão dura, arrumar malas rápidas e correr pro aeroporto, eu ñ esperava ouvir: "Amor, eu vou contigo". O seu abraço, a sua voz me acalmando foi bom durante o tempo que precisei.

Um dos momentos mais chocantes da minha vida foi desembarcar no aeroporto, ser recebida pelo meu cunhado, também tão arrasado quanto todos nós, sem tempo de passar em casa, ir direto para o velório. Ao chegar lá, me deparei com um cenário que nunca esperei. Muita gente, muitos amigos, admiradores, vizinhos vieram tentar falar comigo, mas só o que meus olhos procuravam era minha mãe e minha irmã. Quando as encontrei, a emoção foi incontrolável. Me senti como uma criança perdida, que quando finalmente encontra sua família, só consegue chorar, chorar e chorar. Estava desesperada, confusa, só naquele momento é que absorvi realmente a notícia. Várias pessoas chegavam e, tal como eu, ñ podiam conter a emoção. Ficamos um bom tempo abraçadas ali, chorando, sem dizer nada, apenas com o calor do abraço e da emoção do momento. Tenho certeza que em algum lugar, meu pai estava vendo a cena e dizendo aquilo que costumava dizer sempre: "Lá estão as minhas mulheres, as mulheres da minha vida". Ele nunca se importou de ser rodeado por mulheres, nem mesmo quando todas estavam com os hormônios a flor da pele na fase da TPM. Parecia que ñ havia mais ninguém na capela, só nós 3. Para mim, parece que aqueles minutos de união familiar pararam, como se o relógio tivesse parado o tempo.

Mas somente quando um grande amigo de papai, o Sr. Motta nos cumprimentou e me disse: "Paula, onde estão seus filhos?" é que percebi o mundo ao meu redor. Eu tinha esquecido dos meus filhos. A força do momento foi tão grande que ñ sabia onde e com quem estavam os meus filhos. Pra minha surpresa, depois de tanto chorar e lamentar, um sorriso de cantinho de boca surgiu no meu rosto. Quando achei meus filhos, eles estavam adormecidos no colo do Dylan. Estavam cansados, física e psicologicamente. Aquela cena me tocou e ficará guardada eternamente na minha memória. Ali eu percebi que tinha ao meu lado ñ mais um namorado, mas um amigo, um grande companheiro. Ele, memso ñ sendo pai, estava nos bancos de recepção da funerária com a Maria e o João no colo, um de cada lado, fazendo cafuné nas crianças mostrando total apoio. Até na forma como assumiu as crianças, levando-as pra casa, cuidando, assumindo as minhas obrigações para que eu pudesse, mais tranquilamente, me despedir pela última vez do meu pai.

Ñ sei se um dia poderei retribuir todo esse companheirismo, todo esse carinho. Ainda estamos em início de relação, namorando há pouco tempo, mas o fato de saber que posso contar com ele nesses momentos, me faz pensar que valeu a pena esperar, valeu a pena dar um chance, que está valendo a pena viver essa relação, dividir com ele minhas alegrias e tristezas. Ainda somos jovens, ainda temos muito tempo pela frente. Ñ sei se estamos destinados a ficar juntos, mas saberei aproveitar cada minuto, cada segundo desse amor que tenho ao meu lado.

Obrigada por tudo meu amor.

sábado, 28 de março de 2009

Só Saudades.

Saudade vai, saudade vem, saudade vem, saudade fica. Talvez só agora eu entenda realmente o que é sentir saudades. Senti-la em todos os momentos, em todos os aspectos, em todas as esferas. Quando meus filhos perderam o pai, os consolei, me pus a disposição de suas dores, mas ñ sabia exatamente o que estavam sentindo. Sentia e ñ sentia. Mas agora sei, entendo e compreendo.

Oh Pai, desculpa se ñ tiver a oportunidade de agradecer por tudo. De agradecer por me abraçar quando ñ tinha mais ninguém pra me abraçar; por me levantar em todas as vezes que caí; por me dizer ñ quando queria ouvir sim; por me fazer sorrir quando só conseguia chorar; por me ouvir, mesmo quando ñ tinha nada a dizer; Obrigada por me amar, obrigada por ser meu pai.
Obrigada também por, junto com tantos outros artistas e estudantes, ter lutado para um Brasil livre, livre de torturas e pressão.

Nós brigamos, nós gritamos, mas eu sempre te amei. Ñ tenho arrependimentos, nem remorso. Fiz tudo ao meu alcance, tentei ser boa filha, com vc aprendi a lutar para defender o que achava certo, ñ importa o que me custasse. Eu te amo por vc ter sido amigo, por ter sido herói, por ter sido pai, meu pai, nosso pai. O fato de vc viver longe de nós nos primeiros anos de vida, exilado, culpado por lutar e dizer o que pensava ñ diminuiu nossa relação, nosso amor.

De tudo o que vivemos juntos em família, esteja onde estiver, sempre o lembraremos, sentiremos, pensaremos em vc. Certamente, será difícil para todos nós continuar a vida sem seu sorriso, sem seu abraço, sem seu colo, sua voz ou sua mão carinhosa nos consolando, nos dando tanto carinho. Natais, Reveillons, Aniversários, Páscoas, Dia dos Pais, em todas as ocasiões haverá sempre um vazio, uma lacuna, mas sei que no fundo, de alguma forma, vc se fará presente.

Otávio Lauande Catoccini - 22/04/1950 a 19/03/2009.

terça-feira, 17 de março de 2009

O que restou....

Eu ñ podia estar menos chocada com os últimos fatos. Mesmo longe do Brasil, ñ consigo me desligar do meu país, por isso sempre que posso estou atenta as notícias mais importantes do país. E como toda brasileira, eu ñ podia estar menos assustada com o país. O que acontece? Por que acontece? Como acontece?

Dentre tantas tragédias, o que mais me pergunto é: Que país eu deixei? Que país eu vou encontrar? Muito me impressionou o caso da garota de 9 anos, estuprada pelo padrasto e consequentemente grávida de gêmeos. Como se ñ fosse o bastante, um bispo excomungou os médicos por terem feito o aborto. Claro, as duas situações me chocam: o estupro e a excomungação. Mas diante disso, várias coisas norteam minha cabeça.

Sei que esse caso ñ é isolado, os casos de pedofilia vão de todos os extremos. É pai, padrasto, tio, vizinho, primo. As crianças são de 2, 3, 4, 10, 12 anos. O que me choca é: cadê o limite? Acho que essa palavra, limite, está inexistente no nosso país. Ñ há tolerância, ñ há regra. Até onde vai? Até quando vai?

Há poucos anos atrás, vários brasileiros lutaram com todas as forças, com todas as lágrimas, com todas as marcas, com toda vontade por um Brasil livre, um país liberto. Muitos foram exilados, tiveram a dura sensação de ñ ver suas famílias, a dura realidade de ñ poder falar e enfrentar a vida em outro país, longe de casa. Comunismo? Ñ! Aquele que dissesse essa palavra estava declarando sua própria sentença.

Alguns anos depois, notícias como essas nos fazem perguntar: É pra isso que eles lutaram? Veja o que pessoas fazem com a liberdade. A transformam em libertinagem. Mas o grande problema é que ñ fazem isso só. Destroem mentes, causam traumas em inocentes, em vidas que tinham sonhos e se transformam em pesadelo. O Brasil lutou tanto por democracia, e hoje, com a nossa "democracia" nós esquecemos de lutar pela nossa família. Família...O que aconteceu com a família brasileira? Tanta liberdade, tanta desigualdade...

Eu conheço os lutadores da nossa liberdade. É tão irônico que eles tenham lutado pela igualdade e é tudo o que ñ temos hoje...Eles cuidaram da libertação para nós, mas nós ñ cuidamos de nossos filhos, de nossos pais, de nossos irmãos...Eu me lembro de ouvir, na minha infância, incansavelmente a música Roda Vida do Chico Buarque. Ainda ouço. Mas quando olhamos o Brasil hoje, essa música chega a ser quase uma piada...Existe um trecho que diz assim: "A gente quer ter voz ativa, por nosso destino mandar". Quando ouço isso e vejo notícias como estupro e o pai que se matou, matando a filha também, quase admito que a luta foi em vão...Tanto sangue derramado para ter como resultado todas essas tragédias...Eles bucaram o progresso e nós levamos ao regresso...

Será que ainda tem algum fato que nos impressiona? Ainda tem algum limite a ser ultrapassado? Qual o próximo escândalo? Qual é o nosso Brasil?

sexta-feira, 6 de março de 2009

Que saudades...

"Onde está vc? Onde está vc que sumiu...Meus olhos procuram os teus, meus lábios beijam outros lábios, mas acabam pronunciando teu nome; Minha pele sente a falta da tua e meu coração procura incansavelmente o teu...
Ouço nossas músicas e penso: "Quandos nos encontraremos? Como nos perdemos?". Em todos os que beijei, todos que amei, todos que me relacionei só procurei vc. Muitos beijei, mas só o teu beijo guardei.
Um dia o tempo volta e recomeça da onde paramos, de onde nos perdemos, e talvez revivamos tudo aquilo que ñ vivemos. Seja nessa ou em outras vidas, mas um dia a gente se encontra..."

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Nome e Sobrenome

Passei alguns dias fora. Mas ao contrário do que possam dizer, eu ñ sumi por conta do carnaval. Infelizmente, onde estou ñ existe carnaval. Ou pelo menos ñ a la Brasil. Além das minhas obrigações diárias, um novo alguém preencheu minha agenda. Um novo alguém entra em minha vida.

Atendendo pelo nome de Dylan Johnson, eis que esse alguém torna-se meu namorado. É, depois de alguns meses curtindo, só quando possível, minha solteirice, tive que mudar meus status de solteira p/ compromissada. Ainda ñ posso dizer que estou com um novo amor. Mas uma nova paixão, com certeza.

E tudo começou desde o meu primeiro dia de aula na Universidade. Após uma reunião entre de boas-vindas com toda a equipe de professores, nos últimos 15 minutos de reunião, Dylan entra de maneira boçal na sala. Apenas um frio "Boa Tarde". Senta-se na cadeira e ouve atentamente o final da reunião. A partir daquele momento estava oficialmente integrada ao quadro de professores. E ele oficialmente apresentado a mim. Ñ de uma maneira agradável, ou mesmo educada, mas decidi relevar aquele dia. Todos os professores me receberam muito bem. Menos ele. Na verdade, ele nem me notou. Então, saí da sala de reunião e fui dar minha primeira aula, ter o meu primeiro contato com a minha turma. Porém, ao sair vi um pequeno fã-clube do Dylan. 4 alunas aguardavam ansiosamente o Dylan. Mas ñ liguei e segui p/ minha classe. Passaram-se três semanas até que ele viesse me cumprimentar pela minha admissão. E tudo o que ele disse foi: "Bem-Vinda a Universidade". Então agradeci.

Em outubro, me deparei com uma situação incomum. Elaborei meu primeiro teste com os alunos. Duas alunas foram as últimas a entregarem as provas. Elas queriam propositalmente ficar a sós comigo. Terminado o tempo do exame, elas me entregaram os testes e me fizeram inúmeras perguntas sobre o professor Dylan. "Ele tem namorada? Qual o email dele? Vc tem o número dele? Onde ele mora?". Ri de tudo aquilo. Mas me bateu a curiosidade. Sim, ele é bonito, ñ pude negar isso, mas a forma fria com que ele me tratava e uma certa arrogância na sua postura faziam com que eu apenas me afastasse ainda mais dele. Nunca conseguia ter mais que um "Bom Dia, Boa tarde ou boa noite". Mas deixei pra lá. Pensei: "Paixões entre professores e alunos. É tão comum".

Até que em novembro, nós, professores, nos organizamos e saímos para jantar. Um grupo de 9 pessoas. Mas antes disso, ele me perguntou: "Vc vai?". Respondi: "É claro. Vc vai?". Ele me disse: "É...Se ñ tiver nada melhor, vou aparecer!". Detestei-o ainda mais! Mais tarde descobri que ele tinha ido se encontrar com uma ex-aluna!

Dia 5 de janeiro retomamos às aulas. Mais uma daquelas reuniões de semestre. Mas dessa vez eu ñ era uma estranha no ninho. Estava mais enturmada e era praticamente da casa. Ele apareceu normalmente, porém dessa vez no horário. Terminada a reunião, fui pra minha turma. Assim que entrei, percebi um clima estranho. Como tenho uma postura diferente com meus alunos, antes de iniciar a aula, tivemos um bate-papo. Conversei sobre a matéria do semestre, sobre as expectativas deles e de como seria meu plano de avaliação. Mas vi que a maioria nem prestava atenção no que eu falava. Então, como sempre faço abri o espaço. Perguntei o que estava acontecendo. Eles riram. Passado a risada, eles me disseram que o Prof. Dylan desenvolveria um seminário nesse semetre. E que, por deicsão do Prof., a professora que ele tinha escolhido pra trabalhar junto seria eu. Estranhei. Tínhamos acabado de sair da reunião e ele ñ mencionou nada.

Naquela mesma semana os alunos, que já estão no terceiro ano, organizaram uma festa p/ arrecadar fundos p/ formatura. Me convidaram. Melhor, insistiram. E fui. E ñ me arrependi. Lá pude, finalmente, conversar com Dylan e nos conhecemos de fato. Nos beijamos e desde então tudo tem valido a pena. Apesar da fama meio galinha (eu tenho um certo ímã pra esse tipode homem!), resolvi aproveitar o que vida me trouxe.

Ele é do Canadá, eu do Brasil. Ele é sério, eu sou brincalhona. Ele é meio boçal (mesmo que nunca admita!), e eu sou mais simples. Decidi apostar no resultado de tanta diferença, mas de muita atração.

Nesse pouco tempo de relação, tenho me sentido feliz, tem me feito muito bem. As alunas estão odiando. Os alunos estão dando a maior força. E com a ajuda desses nossos cupidos, vamos curtindo esse tempo juntos.

E é por isso que fiquei fora por algum tempo, sem poder escrever tanto. A razão tem nome e sobrenome. E pra melhorar, ele tem aprendido algumas palavras em português e já está empolgado p/ conhecer o Brasil. Mas vamos com calma, pra que pressa?!

Bom amigos, é isso. Estou de paixão nova. Agora meu compromisso maior é ser feliz, me fazer feliz. E como diz meu pai: "E que os anjos digam Amém!"

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Tudo passa!

Iria escrever sobre outra coisa hoje, mas sem querer acabei encontrado meu diário, meu quinto diário. A primeira página dele foi inesquecível pra mim. Segue abaixo o que escrevi há alguns anos atrás.

“Hoje eu e o Carlos brigamos. Mais uma briga. Eu detesto quando brigamos, principalmente porque ele estava certo. Acho que hoje atingi meu ápice, foi meu estopim. Carlos me disse muitas coisas, uma delas me deixou marcada até agora. No calor da briga, ele me chamou de Mimada, Rebelde sem causa. Eu ñ queria concordar, mas acho que ele está certo. Eu bebi além da conta. Aliás, quando é que eu ñ bebo de mais ñ é? Eu ñ percebi que tinha passado do limite. Eu nunca percebo.

Ontem nós fomos pra uma fazenda. É de um amigo do meu pai, uma festa incrível. 60 anos dele. Todos os filhos, alguns netos. Muita gente. Ficamos pra dormir, tava tudo indo bem. A festa estava marcada pra noite, mas fomos pela manhã. As crianças aproveitaram, andaram a cavalo pela primeira vez. É um lugar muito bonito, verde por todo o lado, uma cachoeira muito bonita. O dia foi bom. Mas a noite, eu fiz questão de estragar.

O ‘parabéns’ foi bonito. Aliás, seria lindo se tudo ñ fosse falso. A vida dele é falsa. Mas depois eu comecei a beber. Estava bêbada, completamente bêbada. Subi no palco que foi armado, peguei o microfone do vocalista da banda e comecei a cantar. No início, as pessoas levaram como brincadeira. Depois que a música acabou, eu ri. Ri como uma grande louca. Então o aniversariante foi gentilmente me tirar do palco, mas ñ quis. Foi ali que iniciei meu show. Eu estraguei o aniversário dele. Comecei a contar que tudo ali era falso. Lembro do pouco que disse.

Que que é hein? Vc pensa o que? Que ninguém sabe da sua vida dupla? Que vc trai sua mulher com a secretária, com a contadora e com todas as mulheres que cuidam de vc? Pra que esse falso moralismo?

As pessoas me olharam horrorizadas. Eu sei que tudo o que disse todos sabiam. O Carlos subiu no palco, todo envergonhado e me carregou pro quarto. Eu sei que meus pais tb estavam envergonhados. O Carlos me falou hoje: ‘O que vc pensa Paula? Que vc vai consertar o mundo?’. Eu acho que isso é uma das razões que fizeram escolher Direito. Detesto injustiças.

Uma vez eu escutei a D. Amélia dizer ao Carlos: Filho, vc precisa interná-la urgente! Ela é alcoólatra! Eu ñ sou alcoólatra! Mas isso me assusta. Eu ñ vou culpar meu marido se um dia ele chegar comigo e disser: Ñ agüento mais. Quero a separação! Eu no lugar dele, já teria me separado há muito tempo. Eu ñ quero mais ser a ovelha-negra, ñ quero mais ser o motivo de alguma briga. Mas eu ñ posso ser o que ele me pede. Ñ nasci pra ser dona-de-casa, ñ nasci pra ficar em casa e cuidar de filho e marido. Ñ dá, ñ faz parte de mim. Mas por que eu casei? Pra que casei se até pra casar, eu tomei três doses de Whisky antes de ir pro cartório? Eu gosto do Carlos. Ele sempre foi bom comigo, sempre me amou. Ele me ama, e eu apenas gosto dele. Talvez foi por isso que casei. Será que eu vou encontrar um homem que me ama como ele me ama? Então eu casei.

Mas eu preciso mudar. Talvez meu marido esteja certo. Mimada? Pode ser. Tive tudo o que quis. Todos que quis. Até os que ñ quis. Rebelde sem Causa? Ñ sei. Rebelde sempre fui. Nunca gostei de ser enquadrada, seguir regras. Mas eu tenho que mudar. Ñ dá pra continuar assim. E se meus filhos tivessem visto o que eu fiz? E se o Carlos um dia me internar? Ñ consigo ficar longe dos meus filhos. Ñ posso ficar longe dos meus filhos. Se eu ñ mudar por eles, por quem mais eu vou mudar?

Eu sei que ñ sou dependente da bebida. Eu bebo quando quero. O problema é o depois. Sóbria, eu ñ controlo minhas palavras. Bêbada, eu ñ tenho controle de nada.

Eu amo meus filhos. Eu vou mudar, principalmente por eles...”



E pensar que quando eu escrevi isso foi há 5 anos atrás. Essa é a prova de que o mundo dá voltas.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Hoje me senti um pouco mais em casa, senti um pouco mais de Brasil perto de mim. Conheci um jovem, de 15 anos, é brasileiro e vive qui há pouco mais de 1 ano. Tivemos uma conversa, talvez agradável pra ele, intrigante pra mim.

Ele estava com uma certa pose, tinha tirado a carteira de motorista e estava satisfeito. Um sorriso com um ar de maioridade no rosto. A partir daquele momento, quando voltei pra casa, minha cabeça ferveu, um turbilhão de pensamentos tomou conta de mim. A primeira pergunta que fiz a ele foi: "Há quanto tempo está aqui?". Ele me disse: "Pouco mais de 1 ano. Acho que 1 ano e 4 meses". Então perguntei: "Quando volta pro Brasil?". Ele sarcasticamente me disse: "Espero que nunca. Sabe como é o Brasil né, uma vergonha." Apenas ri. Educadamente. Mas por trás do meu riso, estava um discurso pronto.

Ali eu vi um jovem vazio, tão abstrato como a fumaça que saía de seu cigarro, mas ele ñ é o único. Aliás, o cigarro que ele fumava era de maconha. Ele me contou muito entusiasmado que defende cegamente a legalização da maconha. Mais uma vez eu ri. Eu disse a ele: "Então, é a isso que vc defende? Vc quer legalizar aquilo que já se fuma no Planalto livremente, aquilo que existe antes mesmo de eu nascer?". Falava como se legalizar a maconha fosse mudar alguma coisa. Depois que falei isso, senti uma certa frustração no seu olhar. Ñ sou a favor, nem contra. Mas será que um papel redigido de maneira formal vai aumentar ou diminuir o consumo e a produção da droga?

O que há de errado com essa juventude? Ele ñ conhecia Janis Joplin, Piaf, Maysa, Getúlio Vargas, João Goulart, Elis Regina, Golpe de 64. Que ñ conhecesse as duas primeiras, eu até entendo, ou até compreensível. Mas e quanto aos outros? Qual a razão pra isso? Sei que o Brasil tem problemas que o torna vergonhoso, mas ele tem uma história, tem um passado. Ñ saber isso é ainda pior que ter vergonha de sua nação.

Mas também me pergunto: Será que é culpa dele? Será que é culpa dele se quando nasceu já encontrou Democracia, República, sociedade livre e estruturada? Ou será que é culpa nossa, que ñ lhes trasmitimos a história, ñ dissemos que até ele ir tranquilamente num cinema, muitos morreram ao sair de um porque o governo achou que tinham estudantes confabulando; que ñ dissemos que Festivais de Músicas foram cancelados porque artistas e intelectuais apoiaram a UNE na época da ditadura; que ñ dissemos que até pra ir tomar um sorvete na esquina, meus pais foram revistados, confundidos por estudantes ou diretórios de esquerda? Ou será que alguém tem culpa? Ou talvez ninguém tenha culpa? Mas por que falar em culpa se estudantes e artistas viveram e morreram justamente pra sermos livres?

Os jovens de hoje ñ tiveram que lutar. Lutar? Lutar pra que? Lutar por quê? Lutar por quem?

Ele ñ sabia que o mundo já foi dividido entre direita e esquerda. Mas será que ele sabe o que foi o Cinema Novo? Teatro Opinião? Se eu perguntasse qual o signifcado de alienado, engajado, revolucionário e reacionário, o que eu ouviria de resposta?

Eu tinha apenas 14 anos, mas escondida dos meus pais, pintei o rosto e fui pedir o impeachment do Collor. Eu tinha 14 e estava participando de uma importante manifestação de democracia. Ele tem 15 e ñ sabe quem foi Juscelino Kubitschek! Eu lembro da minha mãe preparando apostilas e aulas na máquina de datilografar. Ele tem computador com wireless, está num país desenvolvido, mas ñ sabe a qual partido o Presidente do Brasil pertence.

Talvez todos esses detalhes, pra ele, sejam bobos e irrelevantes. Mas se o Brasil é, como ele próprio define, uma vergonha, talvez ele seja a explicação.

Sei que hoje já ñ há nenhuma opressão, nem mesmo um governo que lhe proíbe dizer tudo o que pensa. Mas eu, hoje, inicio uma guerra maior, talvez mais intensa quanto o passado. Uma guerra intelectual. Ñ podemos deixar que personagens como JK, Getúlio Vargas, João Goulart fiquem apenas nas páginas do livro de História. Nem mesmo sejam objetos de estudo somente para provas. Façamos com que a memória desses e de outros heróis permaneçam em outras memórias, que suas ações se perpetuem e que suas realizações façam parte de uma conversa entre jovens, ñ de um lembranças dos meus e de nossos avós.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Somento o dinheiro

A capacidade que as pessoas tem de amar, motivadas apenas pelo dinheiro, me impressiona. O dinheiro pode questionar qualquer sentimento, qualquer gesto. Até que ponto é sincero?

A perda do Carlos foi difícil, principalmente a minha filha. Quando lembro de tudo, da notícia até o enterro, fiz um juramento em silêncio. A partir daquele instante, ñ falaria nem destruiria a imagem do Carlos pros meus filhos. Ñ foi um bom marido, concordo. Aliás, que grande cobrança eu podia fazer se quando me casei, sabia o quanto ele era galinha e que havia uma possibilidade de que ele nunca mudasse? Isso sempre foi muito claro pra mim. Mas quando se está apaixonada, vc tem esperanças que as pessoas mudem e que tudo é para sempre. Ele ñ mudou, me machucou, mas existia uma única coisa inquestionável no caráter dele: Ele amava as crianças! Às vezes de uma maneira meio torta, mas no fundo sempre soube que a única coisa a que ele era fiel era aos filhos. E eu admiro isso. Também nunca fui santa, mas durante meu casamento nunca fui infiel. Mas antes dele sim, fui. Então, no fim dele, ñ havia muito a se falar nem a se cobrar.

Mas o que me agrada em lembrar dele era a sua simplicidade. Vindo de quem vem, poderia ser um homem preconceituoso e arrogante. E é isso que me revolta. Jamais ligou pra dinheiro, classe social, raças ou religiões. Me deixa angustiada ao saber que depois de sua morte, a única coisa que se fala no Brasil é sobre seu dinheiro. Contas, carro, casa, aplicação. Meu Deus, será que quando morremos, a única coisa que se pode deixar é isso? Eu sempre acreditei o contrário. Mas me vejo como a única a pensar diferente.

Ñ tenho pressa em resolver essas questões. Até porque isso ñ se refere a mim. Dinheiro, os bens no nome dele, isso pra mim ñ é importante. Ñ vai trazê-lo p/ que ele possa me ajudar a criar os meninos, nem que seja de longe, nem que seja por telefone. A conta, a aplicação, o carro, nada disso vai diminuir a dor da minha filha. Mas me cahteia ouvir esse tipo de cobrança de pessoas que nunca ligaram pra perguntar: "Como estão os garotos? Estão precisando de alguma coisa? Está tudo bem com eles?". Perguntas básicas, que até os ñ íntimos fazem, mas quem é de sangue, ñ faz. Infelizmente, isso existe, isso é fato.

Tenho feito o possível e o impossível pra driblar o estresse, para afastar o mal-humor e fingir que está tudo bem na frente dos meus filhos. Mas ñ está. Ñ quero que cresçam revoltados com a família paterna (que ñ são todos. há boas pessoas tb e a essas eu agradeço o carinho e o repeito!) ou que eu seja acusada de difamar a imagem de ninguém. Mas o tempo mostra a razão, mostra a verdade. Deixo claro que ñ vou brigar por dinheiro nenhum, nem iniciar qualquer processo em relação a isso. Mas também ñ tenho medo de enfrentar nenhum.

O quer que seja do Carlos, será dos meus filhos. Somente eles poderão decidir o que fazer. E como fazer. Mas quero que eles tenham outras lembranças do pai. Somente as boas lembranças. E lembranças fraternas, carinhosas, ñ materiais. O que eles precisam ñ é do dinheiro, é do carinho, é de amor! Isso eles têm de sobra de mim, dos avós maternos, da tia, dos primos, mas nunca é demais. E acredito que questinando bens materiais ñ é a melhor forma de fazer parte da vida deles.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Pais e filhas.

Ultimamente tenho escrito mais. Graças à Deus, consegui organizar minha agenda, meus horários e dividir minha atenção entre a Universidade, meus filhos e eu mesma. Hoje, tive uma forte lembrança e inspiração para escrever. Ñ sei se foi a saudade ou uma constatação, mas me senti forçada a escrever sobre as relações entre pais e filhas.

Hoje, logo após o almoço, as crianças foram brincar no jardim. Aimée se juntou aos dois. Lembrando que Aimée é nossa querida vizinha francesa, grande colega dos meus filhos. Eles estavam brincando, conversando e rindo. De repente, Aimée veio até Marie, sua mãe, e disse: "Mãe, amanhã vc liga pro papai?". Marie se assustou com o pedido inusitado, sem um motivo especial. Marie simplesmente respondeu: "Sim amor, posso ligar. Mas qual a razão dessa vontade repentina?". A resposta da Aimée foi simples: "Nada. Só vontade de falar com ele". Eu apenas olhei para Marie e ela me disse: "É saudade. É filha, é mulher". De fato, é filha e mulher.

Geralmente, quando as mulheres estão grávidas de primeira viagem, quase todos os pais preferem que venha um garoto. Porém, filhos homens acabam sendo mais cúmplices de suas mães do que dos pais. Claro que a amizade e companheirismo entre pais e filhos existe, ñ disse o contrário. Mas as filhas acabam tendo um amor, um ciúme maior dos pais do que das mães. Digo isso com experiência na causa.

Amo minha mãe, a tenho como uma inspiração, busco ser a mãe que ela foi para mim, mas minha relação com meu pai é maravilhosa. Todos os momentos mais importantes da minha vida meu pai foi o primeiro a saber. Se tivesse que chorar, chorava sempre no ombro dele primeiro. Uma vez minha mãe contou que ao engravidar pela segunda vez, meu pai disse: "Será que dessa vez vem meu garotinho?". Minha mãe só lhe respondeu uma coisa: "Querido, se vier um menino, quem ganha sou eu. Homens sempre choram e riem primeiro com as mães. Vc sabe muito bem disso". Meses depois, ao saber que tinha ganhado mais uma menina, meu pai chorava tanto e mais tarde agradeceu a minha mãe, dizendo as seguintes palavras: "Obrigada por me dar mais uma companheira".

Minha mãe, quando decidiu ficar no Brasil e casar com meu pai, ela lembra que ligou de um orelhão e disse: "Pai, ñ voltarei mais para a Inglaterra. Vou casar aqui no Brasil. Eu te amo!". Meu avô apenas disse: "Suspeitei disso pela sua demora em voltar pra cá filha. Filhinha, fica bem viu. Quanto ao casamento, só casa quando eu estiver aí. Seja onde estiver, vc nunca entrará sozinha na igreja. Eu sou seu pai!". Assim ocorreu nas vezes que estava grávida. Meu avô foi o primeiro a saber.

Um vizinho nosso, do Morumbi, costumava levar os filhos para os jogos de futebol. Meu pai ia com eles. Uma vez, esse vizinho disse: "Poxa Otávio, pena que vc ñ tem um garoto pra ir com a gente." Meu pai apenas disse: "Cara, ñ me faz a menor falta!". Meu pai se achava um máximo quando íamos em alguma praça ou parque. Ele nos segurava pelas mãos com o maior orgulho, ficava ainda mais prosa quando alguém vinha nos elogiar.

E tal qual minha mãe tinha essa relação com meu avô, eu tb tenho essa cumplicidade com o meu pai. Apesar da minha primeira palavra ter sido "mamã", quando precisava de socorro a única palavra que saía de minha boca era "Pai". Lembro-me da conversa que tivemos na véspera do meu casamento. Tinha 22 anos. Eu estava no quarto ouvindo música quando meu pai entrou. Ele disse: "Filha, amanhã vc casa. Casamento é um passo muito grande, muito sério. Vc vai dividir sua vida com essa pessoa, possivelmente construir uma família com ele, ter filhos. Ñ é brincar de casinha. Pensa com mais calma filha." Eu falei: "Mas pai, eu tô apaixonada pelo Carlos!". Ele sabiamente respondeu: "Filha, eu ñ tô nem sou apaixonado pela sua mãe. Filha, eu AMO sua mãe. Amo a tpm, o riso, os 1001 olhares, o choro, a vaidade e até a ansiedade dela eu amo. E amo mais ainda pela famílai que nós construimos, os obstáculos que ela passou junto comigo, a coragem que ela teve de enfrentar tudo do meu lado. Isso tudo filha é amor, ñ paixão. Vc está se casando por paixão. Eu quero que vc case, mas case por amor." Depois dessas palavras, eu nada disse. Apenas o abracei. Talvez se eu tivesse seguido seus conselhos, minha vida teria sido diferente.

Uma das coisas que eu lembro com carinho do Carlos é isso. Logo quando engravidei, eu queria muito que fosse menino. E achava que ele tb gostaria se fosse menino. Mas ele me falou: "Amor, eu quero muito uma menina. Menina é sempre mais pai!". No meu baú de emoções está guardado a cara dele de felicidade quando o médico carregou a minha filha e disse: "Aqui está o primeiro gêmeo. É a menina!". Ele chorou tanto que soluçava. Aquela era a primeira de muitas cenas que me emocionaram dos momentos paternais do Carlos. Ele carregando, conversando, fazendo dormir, acalmando a Maria. Isso tudo eu guardo, afinal dizem que só devemos lembrar das coisas boas mesmo.

Me dói quando percebo que minha filha ñ terá mais esse contato com o pai. Tento suprir, mas há feridas que ñ cicatrizam. Meu coração sangra quando ela, antes de dormir, me pergunta: "Mãe, cadê aquela blusa do papai? Mãe, posso dormir com a foto do papai?". Principalmente quando a encontro pelos cantos chorando, rezando pelo pai. Ontem mesmo ñ aguentei. Chorei junto dela quando a encontrei embaixo da janela da sala, soluçando de tanto choro, entre as fotos do pai e uma blusa que ela nunca me deixou lavar. Essa blusa ele usou no aeroporto, quando viemos pros EUA e ela disse: "Papai, me dá essa blusa que vc tá usando?!". Ele muito assustado perguntou: "Mas filha, por que vc quer essa blusa?". Ela apenas respondeu: "Ah pai, pra eu sentir teu cheiro até vc ir ver a gente." Ele emocionado deu a blusa. A cena da minha filha ali, perdida nos choros e lembranças mexeu comigo. Ela me abraçou muito forte. Eu quase ñ entendia o que ela dizia, compreendi algumas palavras. "Ai mãe...Mãe...meu pai...papai...Ai mãe, eu quero tanto meu pai".

Pra mim, esse é um dos mistérios da vida. Esse laço forte entre pais e filhas é inexplicável. Faz parte de um dos segredos de Deus em nossas vidas. Eu ainda ñ imagino a minha vida sem o meu, apesar de saber que um dia ñ o terei mais por perto. Eu só espero que esse momento demore um pouco mais.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Primos e Primos.

Há inúmeras histórias envolvendo primos. Quase uma regra, nas livrarias ñ faltam opções de livros envolvendo algum enredo sobre primos. E são de muitas categorias: romance, drama, auto-ajuda e até comédia. Cada um tem um personagem diferente, mas a trama é sempre a mesma. Há sempre um casal de primos apaixonados, amores que começaram desde pequenos, outros iniciaram na adolescência, outros já vivenciaram somente na fase adulta. É o tipo de romance que acontece em todas as idades, em todas as classes, com pessoas de todas as cores. É quase um amor universal. Quase todos já passaram por uma situação parecida. Ou como se diz: se ainda ñ passou, um dia vai passar.

E como qualquer pessoa normal, eu também já passei por isso. E também jamais esqueci. Afinal, nunca esquecemos a ansiedade do primeiro beijo. Era uma festa, tinha uns 13 anos. Era aniversário da minha tia Alice, p/ os íntimos, tia Ally. Naquele ano, toda a família de mamãe estava hospedada em casa, que virou uma grande pensão. 22 de dezembro. A família em peso ali. Tinha gente nos quartos, biblioteca, piscina, jardim, em todos os cantos. A família é inglesa, mas fizemos a la Brasil, com um grande churrasco, que como já é de se esperar, sempre entra pela noite. Pois bem, assim foi. E eu estava muito ansiosa com tudo aquilo, especialmente pela presença do meu querido primo, James, ali, hospedado em casa, apenas alguns metros do meu quarto. Toda a noite, todo o dia, todas as horas perto de mim. Apesar de ser muito moleca, a partir daquele momento percebi que uma parte do meu jeito de criança já tinha ido. Mas ñ esperava que naquela noite fosse inesquecível.

Enquanto minha irmã se derretia contando para as primas o primeiro beijo, o primeiro namorado de portão, eu brincava lá fora. Aliás, ñ brincava, passava o tempo nervosa, disfarçando os olhares que eu e James trocávamos. Fazia de tudo para esconder o que sentia do meu pai, principalmente de minha mãe. Mas ñ resisti. Depois que todos estavam meio bêbados, as meninas no quarto e os outros primos estavam jogando bola na rua, eu fui sentar debaixo da árvore, passando um pouco a piscina. Já era umas 18:00, o sol estava indo embora. Fechei meus olhos e fiquei pensando. Só abri quando senti a mão de James segurando a minha. Levei um enorme susto. Me arrepiei toda quando ele me disse no ouvido: "Vc está fazendo o que aqui sozinha?". Respondi quase sem voz: "Nada, só passando o tempo. E vc? Por que ñ está jogando bola?". A resposta dele foi mágica: "Porque eu vim fazer isso!". Nos beijamos. Um beijo intenso, nervoso, com medo e vontade. E o melhor de tudo: um beijo roubado. Um dos mais intensos da minha vida.

Depois disso, jamais o esqueci. E fatalmente quando nos encontramos, sempre nos lembramos disso. Algumas vezes comentamos, outras ñ falamos, mas os olhares sempre são os mesmos. Uma vez criei coragem e perguntei, ainda casada: "Sabe por que eu ñ esqueço aquele beijo?". Ele, num jeito arrogante que sempre detestei, mas sempre me atraiu, respondeu: "Sei. Porque, além de ter sido irresistível, amor de primo NUNCA acaba. E quando ñ se vive esse amor, sempre fica mal resolvido." Duvidei disso por muito tempo. Hoje, ñ duvido, mas ñ tenho certeza.

Me pergunto até hoje se o que sinto é realmente amor. Se o famoso amor de primo existe, se no meu caso ñ é apenas a lembrança do primeiro beijo, da primeira paixão, se tudo ñ passa de uma vontade ou se ainda há um sentimento ñ vivido ou ñ resolvido. Sei que alguns devem estar se perguntando: Cadê o tal primo? Eu tb me pergunto: Cadê?! A última vez que nos vimos foi há uns 3 anos atrás. Ainda estava casada, mas fiquei feliz em vê-lo de novo. Estava muito bem, lindo como sempre, mas meio arrogante tb! Longe de todos, nos abraçamos e ele só me disse algumas poucas e inesquecíveis palavras: "Quando vc puder, me liga. Ñ te esqueci, e sei que a recíproca é verdadeira. Um dia, a gente se resolve." Será que é verdade? O que há de tão intenso, de tão mágico numa relação entre primos? Parece que há um ímã entre primos, algo inexplicável. Mas o que acontecerá comigo? Aí só Deus pra responder né! O que tiver que acontecer, acontecerá!