sexta-feira, 24 de abril de 2009

Abençoada.

Faz um bom tempo que ñ escrevo aqui, infelizmente. Depois da perda do meu pai, com a sucessão de fatos e assuntos a resolver, pouco tempo me sobrou p/ sentar e escrever. Pode ñ parecer, mas já completou um mês de perda, um mês de muitas saudades. Muitos me dizem: "Nossa! Já? Passa rápido hein!". Talvez. Pra quem está de fora, realmente pode parecer que o tempo voou. Mas ñ para nós. Porém, ñ estou aqui para dissertar sobre as saudades que meu pai deixou. Isso fica no seio da minha família.

Mas venho aqui para agradecer à Deus, principalmente, essa dádiva de ter alunos como os meus. E ñ foi só agora, por ter passado mais essa na minha vida, que percebo isso. Sei que muitos brasileiros tem um certo receio aos americanos (digo isso porque também sentia. Achava-os muito frios, embora minha mãe seja inglesa e os ingleses têm a fama de ser tão frios quantos os americanos), mas mudei minha concepção quando cheguei aqui e fui recebida de maneira tão carinhosa, coisa que jamais esperava. Sei que muitos podem pensar: "Você já está nos EUA há 1 ano e agora que fala sobre isso?". Sim, concordo, talvez seja meio tardio para reconhecer esse afetuosidade, mas antes tarde que nunca.

Estava ausente principalmente porque viajei durante 3 dias para Chicago, com minha turma para uma conferência sobre Direito de Família. Nessa área na Universidade somos 3 professores. Meus dois colegas são feras, profissionais realmente admiráveis. E para minha grande surpresa, a turma poderia escolher somente um professor para acompanhá-los nessa viagem. Advinha quem foi escolhida? Claro, eu!! Fiquei hiper feliz! Ser escolhida pela turma foi gratificante. Eu fui alegre e satisfeitíssima (mesmo, como toda boba mãe, preocupada com meus pequenos, que ficaram aos cuidados de minha mãe e do meu amor) curtir essa bela oportunidade. O entrosamento que tenho com os meus alunos é muito grande, nos fins de seman até sinto falta da companhia deles.

Lembro que quando me formei, jamais pensei em dar aulas ou ser professora. Isso, pra mim, estava fora de cogitação. Eu observava alguns estresses casuais que minha passava e pensava: "Ñ quero isso pra mim!". Mesmo ela dizendo que "apesar de tudo, nada tirava o prazer de educar cidadãos". Eu ñ entendia. E quando recebi essa proposta de trabalho, no primeiro momento, pensei em recusar. Contudo, as vantagens ficaram interessantes, a oportunidade de novos desafios falou mais alto e topei. Depois de ser mãe, foi umas das melhores coisas da mina vida! Hoje percebo exatamente esse "prazer" que minha mãe tanto falava. Realmente, a experiência vale a pena. Principalmente quando se tem alunos como os meus: inteligentes (percebam que pra mim, meus alunos são como filhos! sou toda boba!), educados e muitos carinhosos.

E além de tudo isso, essa oportunidade de trabalho me fez um conhecer esse homem tão especial na minha vida, o meu amorzão que me ajuda e apóia a todo momento. Mesmo perdendo quem perdi, eu ñ poderia estar mais feliz na minha vida. Estou num ótimo emprego, tenhos dois filhos lindos e saudáveis, uma família linda, unida, feita de mulheres guerreiras e batalhadoras e um homem maravilhoso, que mesmo muuuuuito ciumento, é meu companheirão. Oh Pai, só faltava você pra minha felicidade estar completa. Mas onde estiveres, continua abençoando sempre tua família que deixastes aqui. É isso. Meus alunos queridos, vcs ficarão guardados na minha memória sempre!
Bjocas. Amo vcs. Ou, no idioma americano, I Luv U!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Companheirismo.

Os últimos dias têm sido complexos, uma sensação que nunca senti antes. Diante de tanta saudade, diante de tanta dor, continuar acordando e vivendo um dia por de cada vez é uma regra, uma lei.

É claro que ter essa aparente força toda ñ é fácil. Por isso, hoje tomo o espaço para agradecer profundamente meu namorado, meu amigo Dylan. Recebi um companheirismo ímpar de sua parte, atitude completamente inesperada, mas que me fez sentir segura, num momento tão ruim. Quando peguei meus filhos de maneira inesperada, mais uma vez, para dar uma notícia tão triste, tão dura, arrumar malas rápidas e correr pro aeroporto, eu ñ esperava ouvir: "Amor, eu vou contigo". O seu abraço, a sua voz me acalmando foi bom durante o tempo que precisei.

Um dos momentos mais chocantes da minha vida foi desembarcar no aeroporto, ser recebida pelo meu cunhado, também tão arrasado quanto todos nós, sem tempo de passar em casa, ir direto para o velório. Ao chegar lá, me deparei com um cenário que nunca esperei. Muita gente, muitos amigos, admiradores, vizinhos vieram tentar falar comigo, mas só o que meus olhos procuravam era minha mãe e minha irmã. Quando as encontrei, a emoção foi incontrolável. Me senti como uma criança perdida, que quando finalmente encontra sua família, só consegue chorar, chorar e chorar. Estava desesperada, confusa, só naquele momento é que absorvi realmente a notícia. Várias pessoas chegavam e, tal como eu, ñ podiam conter a emoção. Ficamos um bom tempo abraçadas ali, chorando, sem dizer nada, apenas com o calor do abraço e da emoção do momento. Tenho certeza que em algum lugar, meu pai estava vendo a cena e dizendo aquilo que costumava dizer sempre: "Lá estão as minhas mulheres, as mulheres da minha vida". Ele nunca se importou de ser rodeado por mulheres, nem mesmo quando todas estavam com os hormônios a flor da pele na fase da TPM. Parecia que ñ havia mais ninguém na capela, só nós 3. Para mim, parece que aqueles minutos de união familiar pararam, como se o relógio tivesse parado o tempo.

Mas somente quando um grande amigo de papai, o Sr. Motta nos cumprimentou e me disse: "Paula, onde estão seus filhos?" é que percebi o mundo ao meu redor. Eu tinha esquecido dos meus filhos. A força do momento foi tão grande que ñ sabia onde e com quem estavam os meus filhos. Pra minha surpresa, depois de tanto chorar e lamentar, um sorriso de cantinho de boca surgiu no meu rosto. Quando achei meus filhos, eles estavam adormecidos no colo do Dylan. Estavam cansados, física e psicologicamente. Aquela cena me tocou e ficará guardada eternamente na minha memória. Ali eu percebi que tinha ao meu lado ñ mais um namorado, mas um amigo, um grande companheiro. Ele, memso ñ sendo pai, estava nos bancos de recepção da funerária com a Maria e o João no colo, um de cada lado, fazendo cafuné nas crianças mostrando total apoio. Até na forma como assumiu as crianças, levando-as pra casa, cuidando, assumindo as minhas obrigações para que eu pudesse, mais tranquilamente, me despedir pela última vez do meu pai.

Ñ sei se um dia poderei retribuir todo esse companheirismo, todo esse carinho. Ainda estamos em início de relação, namorando há pouco tempo, mas o fato de saber que posso contar com ele nesses momentos, me faz pensar que valeu a pena esperar, valeu a pena dar um chance, que está valendo a pena viver essa relação, dividir com ele minhas alegrias e tristezas. Ainda somos jovens, ainda temos muito tempo pela frente. Ñ sei se estamos destinados a ficar juntos, mas saberei aproveitar cada minuto, cada segundo desse amor que tenho ao meu lado.

Obrigada por tudo meu amor.