domingo, 31 de agosto de 2008

O Sonho!

Nessa última semana que passou tive por 2x o mesmo sonho? O que foi? Eu estava grávida!! Nossa, fiquei até assustada. Por conta disso, m muitos momentos me peguei pensando na vida.

Quando engravidei dos meus filhos, quando soube da notícia, me assustei. Estava com 22 anos, casada há poucos meses. Ao receber o resultado do exame ñ liguei pro meu pai, mãe, irmã ou marido. Por 10 minutos, fiquei sentada na cadeira da recepção do hospital pensando: "Meu Deus, estou esperando um filho. O que vai ser da mnha vida agora? Será que estou preparada p/ isso? Como criar essa criança?". Um turbilhão de pensamentos me veio à cabeça. Lagrimei. Uma senhora ao meu lado, ao ver o papel na minha mãe, me felicitou. Na cabeça dela, achou que estava emocionada com a notícia, mas minhas lágrimas eram de susto, um enorme susto. Passado o choque, liguei p/ o meu pai. Enquanto discava os números, pensei "ñ vou chorar, ñ vou chorar". Quando ele falou: "Oi filhinha, tudo bom?". Ñ aguentei. Desabei tal qual eu fazia quando caía e me machucava e ele vinha correndo me acurdir. Chorei tanto que ele ñ podia entender uma palavra do que dizia. Quando me acalmei, contei do meu jeito (objetiva e seca, como sempre) "Pai, tô grávida!".

Mais pânico quando marquei minha segunda consulta com o GO. A frase: "Parabéns querida! Vc está esperando gêmeos!". Tremi, foi como se um frio tomasse conta do meu corpo. Fiquei gelada. Quando saí, muitas me cumprimentaram, me felicitaram, mas eu só conseguia ficar mais nervosa, mais medrosa. Eu era alguém muito diferente. Enquanto minha irmã e muitas meninas brincavam de bonecas, panelinhas e afins, eu estava correndo, subindo no pé de acerola do quintal de casa, me machucando, aprontando. Mais velha, era do tipo mochileira. Ñ gostava de estar sempre no mesmo lugar. O fato de eu estar grávida significava p/ mim o fim de uma liberdade que ainda ñ tinha conquistado por completo, seguir rotina, seguir horários. Com o tempo, certas coisas diminuiram o pânico. Os chutinhos, crescimento da barriga, desenvolvimento dos meus filhos dentro de mim me alegravam, me deram um sensação que nunca tinha sentido antes: estava viva porque tinha vidas dentro de mim! Mas junto com isso vinha a preocupação constante em que espécie de mãe eu seria p/ essas crianças? Nunca sonhei com uma vida organizadinha, do tipo casada e com filhos. Mas me perguntava: "Pra quê casei?". Só hoje sei a resposta. Ñ casei por amor, casei por paixão. Estava apaixonada. Ñ era amor com paixão, era o contrário.

Quando meus filhos nasceram, todos os medos se foram. Vê-los vivos, saudáveis, perfetinhos foi mágico. Quando fui ao berçário pela primeira vez, meu pai me perguntou: "E aí, já sabe que tipo de mãe será?". Falei: "Claro! Serei a melhor que conseguir ser!". Pelo vidro, eu os via, pensava "Nossa, são 2!". E a partir dali, quando pensava que tinha dois filhos, já ñ pensava mais com medo. Pensava neles com felicidade, alegria. Me senti poderosa, abençoada! Tive um filho e uma filha de uma vez, duplamente abençoada!

E agora, depois de 6 anos, ter este sonho. Grávida de novo. Será que engravidarei de novo? A maternidade tem seus encantos, ensinamentos. A cada dia, é um novo aprendizado. Mas ñ penso em repetir tudo. Meus filhos me completam, somos companheiros, cúmplices um do outro. Entendo-os com um olhar, um gesto, pelo cheiro. É como uma dança que se aperfeiçoa com o tempo. Se for da vontade de Deus, que venha mais uma criança então. Mas sinceramente, que ñ passe de um sonho....

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A Mudança - parte II

Hoje, compramos (finalmente, diga-se de passagem) coisas essencias que faltavma pra nossa casa ficar completa. Compramos uma mesinha pra cozinha (estávamos como japoneses, comendo sentados no chão!) com 4 cadeiras, simples, mas aconchegante p/ nós; dois armários p/ botar os pratos e algumas jarras, além do nosso tão sonhado fogão!!! Meus filhos já estavam enjoados de comida congelada (P/ falar a verdade, eu tb ñ aguentava mais!).O detalhe é: ñ sei pilotar o fogão! O comentário do meu filho é: "Mãe, agora que temos o fogão, só falta vc aprender uma coisinha: usá-lo!"Aos poucos, a casa vai ganhando a nossa cara, o nosso cheiro, o nosso jeito. Sinto que meus filhos ainda ñ estão totalmente adaptados. Mas ñ esperava reação diferente. A mudança foi extrema p/ eles, me pergunto constantemente se fiz a coisa certa. Por um lado, sinto-os mais independentes nas últimas semanas, definitvamente, amadureceram mais. Melhor, estão menos dependentes, estão aprendendo a lutar pelo que querem. É duro dizer, mas acredito que o afastamento fez bem a eles. Aliás a todos nós.Acostumados a terem babá, avós e tios por perto sempre os mimando, enchendo de presentes a cada semana, aqui sentiram a diferença. Ñ há avós p/ passear, pedir o brinquedo tal, comprar aquele tênis lindo, ou o tio super legal p/ se divertir. P/ mim, tb ñ há o papai ou mamãe por perto para me ajudar no dia-a-dia com as crianças. Somos apenas nós, eu e eles, eles e eu. Agora, contamos um com o outro. Pequenos detalhes, mas quando se distancia, percebemos a diferença.O fato da vizinhança estar cheia de estrangeiros me ajudou nessa etapa. A nossa frente, tem uma família indiana, pai, mãe e dois garotos; ao nosso lado direito, apenas uma mãe e a pequena filha, as duas são francesas; do nosso lado esquerdo, uma família inglesa (com eles eu identifiquei bastante! Mãe, lembrei tanto de vc!), pai, mãe e um pequeno garotinho. Tantas culturas dividem uma saudável convivência, dividem a mesma vontade: voltar p/ casa! Apesar de tão nova, a saudade de nossos países e a necessidade de dividir essa ansiedade, me fez sentir bem tão rapidamente. Todos me receberam bem, cada um a seu jeito, cada um na sua língua. Além do "oi" em iglês americano, fui saudada com o "oi" indiando, francês e o "oi" inglês, britânico puro. E claro, ñ podia deixar de ensinar o "oi" à la Brasil!Por enquanto, ainda é novo, ainda é cedo p/ botar na balança os prós e contras de ter me mudado com a coragem e dois filhos. Se vai ser bom ou ruim p/ eles, ñ sei. Mas me confortou o que meus filhos disseram ontem, depois que eu perguntei se estavam felizes. "Mãe, a gente tá contigo, então a gente tá feliz! Mesmo que a gente fosse p/ África, a gente ia tá feliz. A gente te ama!". E eu tb os amo tanto....

terça-feira, 26 de agosto de 2008

A mudança.

Somente hoje consigo escrever sobre a mudança repentina, rápida, louca. Arrisquei muito nessa viagem, projetei meus planos, confesso: fui egoísta. Investi nisso. O que me tira o sono a noite é: Será que valeu a pena?
Penso muito nos meus filhos. Também por eles, aceitei mudar de vida, voar tão alto. Literalmente, voar. A vida em San Francisco é tão nova. Mesmo já ter morado aqui, agora, ñ é mais a mesma cidade em que morei. Também ñ sou a mesma Paula. Dos colegas da época de faculdade, reencontrei apenas dois. Ando pelas ruas, que p/ mim até são um pouco familiares, mas p/ os meus filhos é um novo mundo. Pelo fato de ser novo, me pergunto: foi mesmo bom p/ eles? Até agora, ainda ñ reclamaram. Mas ñ é São Paulo. Aqui ñ tem vovó ou vovô, os amigos do condomínio, o "tio" da padaria, o porteiro já conhecido, passeio no Ibirapuera, regalias que só eles tinham. Aqui, p/ eles, ñ há o que reconhecer, ñ há quem reconhecer. Eles conseguem se comunicar muito bem, se viram, usam as diferenças a seu favor, mas apesar dessa euforia que a California oferece, ñ é mais o ambiente deles. Os vizinhos foram gentis. Claro, no início, cria-se mil expectativas, nos observaram, procuraram reconhecer traços, características brasileiras, mas no fim, nos receberam. Mas ainda são desconhecidos p/ nós. Ñ fazem parte do nosso passado, ñ conhecem nossa história. Um dia saberão, porém, enquanto esse tempo ñ chega, somos apenas os "novos moradores, os brasileiros".
Uma das coisas fundamentais p/ decidir me mudar foi a tranquilidade. Isso consegui aqui. Eu cresci num ambiente livre, apesar dos pesares. No quintal tinha o pé de acerola que o papai fazia questão de cuidar, tinha um bom espaço p/ correr. Ainda tinha as brincadeiras na rua. Pega-pega, amarelinha, Pigue-esconde, mais um monte que me faziam entrar em casa suada, melada, quase irreconhecível. Até 4 meses atrás, meus filhos tinham crescido em apartamento, o máximo que podiam era descer p/ "correr" num espaço delimitado, ensinei-os a ñ pisar muito forte p/ ñ incomodar o vizinho de baixo, barulho depois das 22h ñ era permitido, arrastar móveis então, nem pensar. Mudamos um pouco, fomos p/ um condomínio fechado, estávamos morando em casa, mas ainda faltava um pouco mais, afinal nunca saíam sem a babá.
Hoje, os meninos saem de casa, correm na rua, algumas brincadeiras até são as mesmas, se divertem, ñ tem babá. Enquanto eles correm, posso sair, conversar com as mães das outras crianças, ter conversas de dona-de-casa (Por sinal, nunca pensei que um dia teria conversas como essas). Os dois voltam nojentos, sujos, negros! Mas com um enorme sorriso. Isso me acalma. Mas será que eles estão realmente gostando? E quando se cansarem? Se quiserem voltar? E se preferirem voltar e morar com o pai? Tudo isso ñ me deixa dormir...
E enquanto esrevo esse texto, ouço incansavelmente "Every Breath you Take", do The Police. Essa música me deixa um pouco mais em "casa". Tive meu primeiro amor aqui. Ñ foi paixão, foi amor. Ou foi paixão com amor, ñ sei, só sei que foi inesquecível. E tendo essa música como tema. Que saudades....Pior é que ñ sei se é saudade desse amor ou daquele tempo, em que eu era apenas uma universitária, cheia de sonhos, sem pais ou irmã por perto p/ me vigiar, livre, leve e solta, dividindo quarto com minha "roomate"....
Ultimamente, a grende questão que me persegue nos telefonemas e emails dos amigos são: e namorado, já arrumou? A resposta ainda é a mesma: NÃO! Neste momento, ainda ñ quero. E por mais que insistam, digo sem mentiras: Estou muito bem assim! A solteirice ñ tem mais o mesmo sabor de antes. Aliás, nunca mais terá. Depois de um casamento, dois filhos, o que menos quero é compromisso. Esse ano, atingi minha cota de riscos. Me mudei pela 2a vez em 10 meses! E dessa vez, ñ mudei de bairro, mudei de país. Mudou o clima, os hábitos, a rotina, mudou tudo! Cair num relacionamento agora é o que menos quero, é o que menos preciso, mesmo que o mundo ao mu redor me diga o contrário. Percebi que o problema ñ são os californianos, nova-iorquinos, texanos, o problema é comigo. Já trouxe meus tesouros preciosos p/ um mundo novo, expô-los a um novo relacionamento, colocar um novo alguém entre nós ñ me parece sensato. Ñ estou dizendo que está errado, ou poderia ser o certo, apenas reforço: "ñ quero!"
Adoraria continuar esse texto, mas minhas obrigações me chamam. A primeirda delas: ir ao supermercado (a atividade que mais detesto!), fazer comprar rápidas p/ casa, depois olhar as crinças brincarem na rua...