domingo, 25 de outubro de 2009

Ironias

É engraçado como minha vida sempre foi uma grande ironia. Aliás, ñ foi, é! Estou em Paris, com dois alunos da Universidade p/ assistirmos uma importante defesa de doutorado que irá acontecer dia 26. Ficarei por aqui alguns dias. Por uma lado, tem sido tão bom. Paris é sempre Paris, solteira ou acompanhada. Embora, o que atraia muitos seja o clima afrodisíaco e a oportunidade de renovar o guarda-roupa, busco muito mais que isso.

Mas voltando a ironia da vida. Nasci em 1978, o Brasil estava em plena ditadura militar. A história do meu pai, junto com o ano em que nasci talvez explique porque sempre tive um pé na rebeldia. Fui expulsa de um colégio, tive algumas suspensões, fugia de casa p/ viajar com os amigos do colégio e outras coisinhas mais. Meu pai costumava dizer que eu era avessa às regras. No entanto, tornei-me advogada, me formei numa das instituições mais rígidas. Ñ foi com louvor e distinção, mas me formei.

Sempre gostei de liberdade. Liberdade p/ fazer, pensar e dizer o que bem entender. Amo viajar, ser quase uma mochileira. Aventura pode-se dizer que é meu sobrenome. Ironicamente, engravidei aos 22 anos, tive meus filhos com 23 anos. E tudo aquilo que sempre quis fazer, conhecer a China, o Japão (e confirmar que se cavarmos, ñ vamos parar lá!), saltar de para-quedas ficou no passado. Minha liberdade se foi quando meus filhos nasceram.

Detesto refrigerantes. Minha mãe nos ensinava que ñ fazia bem, sempre nos proibia de tomá-los. Eu e minha irmã só tomavamos em aniversários ou escondidas (o que era muito raro). E advinha?! Casei com um administrador de empresas, que trabalhava na Coca-Cola, a principal fabricante de refrigerantes. A partir daí, pela cota que ele tinha, toda e qualquer reuniãozinha que tinha no condomínio ele ficava encarregado de encher a festa de refrigerantes.

E como se ñ fossem poucas as ironias, vim à Paris, cidade do amor, por trabalho e também procurar o meu amor. Ñ o achei até então e a cada dia ele parece mais distante. Sei que sou instável, uma hora estou completamente satisfeita com minha vida, e em momentos como este, sinto que se ñ encontrá-lo agora, jamais estarei plena, feliz.

E enquanto ñ o acho, passeio, estudo, aproveito Paris. Mamãe me ligou hoje e conversamos muito. Uma conversa de mãe p/ mãe, embora ela ainda me diga coisas do tipo "está se alimentando?" ou "use o agasalho p/ ñ ficar doente!" (o que, ironicamente, eu digo todos os dias aos meus filhos quando conversamos pelo telefone!). Nós mães somos assim. É como diz a minha: P/ as mães, filhos ñ tem sexo, ñ tem idade. É uma grande verdade. Filhos, nossa amor maior - e preocupação também.