sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Um Brinde a uma nova amizade!

Graças à Deus, meu circulo de amizades aqui em San Francisco tem aumentado. Estou cotente com as pessoas que reencontrei e com outras que conheci, especialmente a Marie. Marie e eu temos ficado cada vez mais próximas ultimamente, tem sido uma pessoa muito importante no meu recomeço de vida aqui.
Já é de praxe passarmos os finais de tarde batendo papo na varanda. Lá pelas 17:15 em ponto, estamos as duas trocando experiências, conversando, uma aconselhando a outra. Marie é um pouco mais velha, tem 34 anos. Teve um romance conturbado, que resultou numa menina linda, muito doce, a pequena Aimée. Elas moram aqui há pouco mais de 8 meses, também são novatas. Nossas crianças brincam muito, meu filho adora ser o bendito fruto entre mulheres e os três são como mosqueteiros.
Quem passa e nos olha conversando pode pensar que somos velhas amigas trocando figurinhas. Que nada! Mas engraçado é que, apesar de nos conhecermos há tão pouco tempo, temos confiança uma na outra. Talvez pela história de vida ter sido quase a mesma. Separadas, estrangeiras e com filhos morando longe do nosso país, da nossa casa. A saudade do nosso país aperta um pouco, mas sabemos que de alguma forma, isso contribue p/ o amadurecimento dos nossos filhos. Tem dias que pego a Aimée na escola, tem dias que ela pega meus pequenos quando ñ posso, se ela vai no mercado passa rapidinho em casa p/ saber se ñ preciso de nada, enfim, é uma relação ótima. E é muito bom ter alguém assim p/ conversar, trocar experiência, perdir conselhos.
Quando tiver que voltar p/ o Brasil, certamente a Marie entrará na lista de pessoas que sentirei falta. Mas enquanto esse dia ñ chega, vamos aproveitar o presente!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Em pleno século XXI...

Achei que ñ havia mais pensamentos tão ultrapassados, uma concepção tão antiga...Quem poderia acreditar que eu, Paula, estaria sofrendo preconceito nos EUA, país teoricamente de primeiro mundo? Ñ, muitos devem estar pensando: mas é claro que eu sofreria perconceito, sou latina. Quem dera a razão fosse essa.
Devido a muitos seriados, ou mesmo os comerciais mundiais de coca-cola e afins, quando se fala em subúrbio americano muitos imaginam um estilo de vida lindo, perfeito, uma linda vizinhança, com belas casas, crianças andando de bicicleta, marido saindo p/ trabalhar, se despendindo da linda esposa com um avental na barriga. O velho e bom comercial de margarina de sempre. Uma vidinha perfeita, com um molde de família: Papai, mamãe e os filhos. Mas quando vc ñ faz parte deste modelo, mas mora num lugar que representa tudo isso, o preconceito é quase inevitável. Isso até parece aceitável na década de 70, 80. Mas nos anos 2000 sofrer preconceito porque sou separada?! Seria cômico se ñ fosse trágico...
Todo dia, lá pelas 17:30, 18:00, antes do jantar, as crianças saem p/ brincar. Criança é criança, ñ tem preconceito, ñ vê diferença, quer apenas fazer bagunça. Mas observei que poucas mães falavam comigo. Aliás, quando estou na varanda de casa olhando meus pequenos, apenas a Marie, minnha vizinha francesa. Ela é um doce, muito amável, educada e estamos sempre nos ajudando. Estranhei porque no início todos foram muito receptivos. Percebi que nenhuma mãe se aproximava quando estou conversando com Marie. Mas outro dia, estava cuidando do jardim, aparando a grama quando a Mimi veio falar comigo. Engatamos uma conversa, fomos trocando palavras até que ela sutilmente soltou o comentário: "Admiro sua coragem para cuidar sozinha, sem marido, dos seus filhos."
Ficou mais claro essa distância das outras mulheres. Mas é tão absurdo que aida hoje possa ter mulheres com mentalidades tão atrasadas. Por uns dois dias fiquei p... da vida. Mas agora, esfriei melhor a cabeça. Vejo que o problema ñ é comigo. Trabalho, sou bem resolvida em todos os setores da minha vida, mãe, mulher, profissional. Ainda hoje tenho clientes que me ligam, meus filhos me dizem todos os dias que me amam, são felizes, bem resolvidos tb e depois de um casamento e dois filos, ainda atraio olhares na rua. Ou seja, percebi que ñ tenho que me preocupar com anda, tentar entender essa mentalidae, mas agradecer pelo que sou e tenho...
Mas que chega ser cômico esse tipo de mulher num país como esse, ah chega...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Primeira noitada!

No domingo que passou agora, dia 14, pude aproveitar a primeira noitada por aqui. Reencontrei um grande e queridíssimo amigo Kevin Adams. Que saudades eu senti dele no Brasil. Ele me fez lembrar de tanta coisa....
Eu estava feliz com o meu primeiro dia em Berkeley. Fui super entusiasmada na secretaria confirmar minha matricula e saber em qual dormitório do campus ficaria. Eu estava mais perdida do que todo mundo ali, apesar da excitação tomar conta de mim. Enquanto folheava panfletos de Berkeley naquela fila enorme, finalmnte alguém veio falar comigo. Ainda lembro dauqela voz me dizendo: "Oi, tudo bem? É novata em Berkeley certo?". Eu me senti a tal. Tava na cara que aquele gato ñ era calouro. Me empolguei. Enquanto conversávamos, eu pensava: "Nossa, nenhuma das minhas amigas no Brasil vai acreditar que um homem lindo desses puxou papo comigo, uma estrangira e ainda por cima, caloura!". Feito todos os tramites isntitucionais, encerramos o papo e eu fui procurar meu dormitório. O destino foi tão bom comigo. Depois de 40 minutos entranto em prédios errados, eu finalmente encontrei meu aposento. No caminho, ficava rezando: "que meu companheiro de quarto seja homem!". Quando abria porta, agradeci muito à Deus. Kevin estava deitado, dormindo com um livro sobre o peito. Ñ quis acordá-lo, mas o barulho da mala era inevitável. Ele se assustou, mas logo depois apertaos as mãos e nos apresentamos. Dali, começou uma amizade que faço questão de preservar. Ele foi um irmão mais velho durante os 3 anos e meio em Berkeley. Sempre atencioso, protetor e carinhoso comigo. Ah, o gato que falou comigo na fila chegou a ser meu namorado, mas depois de 4 meses, terminamos. Descobri que paralelamente ele namorava uma cheerleader da universidade. Eu era a outra. Foi péssimo, mas o Kevin sempre me dizia: "Cuidado com os caras do terceiro ano. Eles sempre querem brincar com as calouras".
No sábado, andando pela cidade com as crianças ouvi gritos: "Paula, Paula!". E meu fiho olhou p/ trás e me disse: "Mãe, aquele cara te conhece!". É claro que Kevin me conhecia! Estava como eu sempre imaginei: adepto da filosofia "solteirão convicto!", livre de compromissos sérios. Almoçamos juntos, nós quatro, conversamos sobre as voltas que nossas vidas deram e trocamos telefone. Primeira pergunta de Kevin: "Ainda aguenta uma balada como antes ou a maternidade te fez esquecer as noites?" Ñ soube o que responder. Ñ encarava uma boa noite de festa já fazia muito tempo. Feito o convite, resolvi encarar.
Deixei as crianças com a filha de uma vizinha e fui relembrar os velhos tempos. Fomos a um clube muito charmoso, tudo estava fervilhando ali! E por incrível que pareça, eu estava tímida para ir dançar! Logo eu! Mas isso durou 15 minutos! Kevin me deixou com uma amiga nossa, Julie, no bar e sumiu. Enquanto botávamos o papo em dia, eu olhava pro lado e me perguntava: "Por onde ele anda? O que está tentando aprontar?". De repente, o DJ pede p/ que eu compareça a pista. Fiquei vermelha. E depois, começa a tocar Thriller, do rei Michael Jackson! Pirei! Eu e quase toda a casa de dança fazíamos a memorável coreografia do MJ. Ñ parei mais! Ñ bebi exageradamente, tomei apenas dois drinques e me esbaldei como nunca naquela pista.
Ah, aquela noite foi maravilhosa! Por um momento, me senti em casa mesmo. Conversando com pessoas que me conheciam, que fizeram parte da mina vida, enfim, em casa. Ñ estava com estranhos, estava com pessoas que me ajudaram a superar a saudade de casa, me deram forçar para eu concluir meu curso. Agora, a história se repete. Mas ñ estou só. Estou de volta à California, com duas crianças, mas ñ sou mais uma adolescente aspirando um diploma. Sou uma outra Paula.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

(Re)Adaptando em San Francisco

Em pequenos detalhes, a vida em San Francisco tem sido bem melhor. Meus filhos estão cada vez mais encantados com a cidade, porém caiu a ficha mesmo essa semana que passou. Começaram as aulas. Entraram em contato em definitivo com uma nova rotina, receio que somente agora eles sentiram a diferença. A primeira delas: ñ há condução particular ou ir de carro p/ escola. Acordamos cedo p/ pegar o ônibus ou o streetcar (tem aparência de ônibus, mas anda sob trilhos). Carro somente de alguel, ainda sim apenas aos fins de semana se quisermos ir p/ a praia ou algum lugar mais distante.

Segundo: turma nova, melhor, escola nova. Os colegas ñ são os mesmo que os acompanharam desde pequenos, a "tia" é nova, tudo, mais uma vez, é novo. Antigamente, tinha uma tranquilidade enorme com a escola deles no Brasil. Eles eram conhecidos, se estava atrasada, bastava ligar e dizer que era a mãe da Nanda e do João e pronto. Ñ precisava dizer sobrenome, dar características. Já sabiam de quem eu falava. Agora, são os novatos brasileiros. Aliás, são os novatos com nomes esquisitos! Nenhum colega de classe consegue pronunciar corretamente o nome deles. Nem mesmo a professora consegue.

E apesar desses ajustes, tudo está melhor. Ontem saí com os dois. Fomos ver mochilas e tênis novos. Saímos do shopping já era 21:30. Fomos para o ponto de ônibus. Chegamos em casa lá pelas 22:10. Andávamos pelas ruas sem medo, sem preocupação com violência. Caminhamos lentamente, observando a paisagem, as pessoas, o movimento, tudo.

O padrão de vida mudou. Ñ tenho carro, babá, jardineiro ou cozinheira. Compramos o material escolar pesquisando, fazendo tabela de preços, adequando tudo ao meu orçamento. Há semanas ñ sei o que é fazer unha em salão, fomos ao shopping, mas as crianças ñ comeram ou brincaram nos brinquedos, ficaram olhando com um desejo enorme, mas sabiam que teriam de optar: ou brinquedo ou o tênis legal, o lanche ou a mochila. Pela primeira vez, meus filhos estão conhcendo o que é economia, planejar o dinheiro para conseguirem o que querem. Sei que estão sentindo tudo isso, sei que estão observando a diferença, mas o que me deixa orgulhosa é que ñ reclamaram.

A mudança neles é brutal, notória! Estão amadurecidos, menos mimados, mais independentes. E usam a diferença de culturas a favor deles. Ensinam músicas brasileiras às crianças da vizinhança, mostram fotos dos avós, tios e primos, ensinam palavras e gírias em português.

Tudo isso tem me deixado mais feliz, por mais absurdo que pareça. Tenho absoluta certeza que um dia, quando voltarmos pro Brasil, meus filhos serão mais humildes, saberão dar valor ao esforço das pessoas. Por enquanto, o que consigo ressaltar é que estamos mais unidos do que nunca. Minha rotina de trabalho é adequada aos horários deles, então consigo jantar, fazer dever de casa, conversar brincar com eles, ser ainda mais presente. O amor aumentou tanto que ñ conseguiria imaginar felicidade maior, quando rezo, só tenho mesmo que agradecer, pedir mais seria muita ganância!