sábado, 28 de março de 2009

Só Saudades.

Saudade vai, saudade vem, saudade vem, saudade fica. Talvez só agora eu entenda realmente o que é sentir saudades. Senti-la em todos os momentos, em todos os aspectos, em todas as esferas. Quando meus filhos perderam o pai, os consolei, me pus a disposição de suas dores, mas ñ sabia exatamente o que estavam sentindo. Sentia e ñ sentia. Mas agora sei, entendo e compreendo.

Oh Pai, desculpa se ñ tiver a oportunidade de agradecer por tudo. De agradecer por me abraçar quando ñ tinha mais ninguém pra me abraçar; por me levantar em todas as vezes que caí; por me dizer ñ quando queria ouvir sim; por me fazer sorrir quando só conseguia chorar; por me ouvir, mesmo quando ñ tinha nada a dizer; Obrigada por me amar, obrigada por ser meu pai.
Obrigada também por, junto com tantos outros artistas e estudantes, ter lutado para um Brasil livre, livre de torturas e pressão.

Nós brigamos, nós gritamos, mas eu sempre te amei. Ñ tenho arrependimentos, nem remorso. Fiz tudo ao meu alcance, tentei ser boa filha, com vc aprendi a lutar para defender o que achava certo, ñ importa o que me custasse. Eu te amo por vc ter sido amigo, por ter sido herói, por ter sido pai, meu pai, nosso pai. O fato de vc viver longe de nós nos primeiros anos de vida, exilado, culpado por lutar e dizer o que pensava ñ diminuiu nossa relação, nosso amor.

De tudo o que vivemos juntos em família, esteja onde estiver, sempre o lembraremos, sentiremos, pensaremos em vc. Certamente, será difícil para todos nós continuar a vida sem seu sorriso, sem seu abraço, sem seu colo, sua voz ou sua mão carinhosa nos consolando, nos dando tanto carinho. Natais, Reveillons, Aniversários, Páscoas, Dia dos Pais, em todas as ocasiões haverá sempre um vazio, uma lacuna, mas sei que no fundo, de alguma forma, vc se fará presente.

Otávio Lauande Catoccini - 22/04/1950 a 19/03/2009.

terça-feira, 17 de março de 2009

O que restou....

Eu ñ podia estar menos chocada com os últimos fatos. Mesmo longe do Brasil, ñ consigo me desligar do meu país, por isso sempre que posso estou atenta as notícias mais importantes do país. E como toda brasileira, eu ñ podia estar menos assustada com o país. O que acontece? Por que acontece? Como acontece?

Dentre tantas tragédias, o que mais me pergunto é: Que país eu deixei? Que país eu vou encontrar? Muito me impressionou o caso da garota de 9 anos, estuprada pelo padrasto e consequentemente grávida de gêmeos. Como se ñ fosse o bastante, um bispo excomungou os médicos por terem feito o aborto. Claro, as duas situações me chocam: o estupro e a excomungação. Mas diante disso, várias coisas norteam minha cabeça.

Sei que esse caso ñ é isolado, os casos de pedofilia vão de todos os extremos. É pai, padrasto, tio, vizinho, primo. As crianças são de 2, 3, 4, 10, 12 anos. O que me choca é: cadê o limite? Acho que essa palavra, limite, está inexistente no nosso país. Ñ há tolerância, ñ há regra. Até onde vai? Até quando vai?

Há poucos anos atrás, vários brasileiros lutaram com todas as forças, com todas as lágrimas, com todas as marcas, com toda vontade por um Brasil livre, um país liberto. Muitos foram exilados, tiveram a dura sensação de ñ ver suas famílias, a dura realidade de ñ poder falar e enfrentar a vida em outro país, longe de casa. Comunismo? Ñ! Aquele que dissesse essa palavra estava declarando sua própria sentença.

Alguns anos depois, notícias como essas nos fazem perguntar: É pra isso que eles lutaram? Veja o que pessoas fazem com a liberdade. A transformam em libertinagem. Mas o grande problema é que ñ fazem isso só. Destroem mentes, causam traumas em inocentes, em vidas que tinham sonhos e se transformam em pesadelo. O Brasil lutou tanto por democracia, e hoje, com a nossa "democracia" nós esquecemos de lutar pela nossa família. Família...O que aconteceu com a família brasileira? Tanta liberdade, tanta desigualdade...

Eu conheço os lutadores da nossa liberdade. É tão irônico que eles tenham lutado pela igualdade e é tudo o que ñ temos hoje...Eles cuidaram da libertação para nós, mas nós ñ cuidamos de nossos filhos, de nossos pais, de nossos irmãos...Eu me lembro de ouvir, na minha infância, incansavelmente a música Roda Vida do Chico Buarque. Ainda ouço. Mas quando olhamos o Brasil hoje, essa música chega a ser quase uma piada...Existe um trecho que diz assim: "A gente quer ter voz ativa, por nosso destino mandar". Quando ouço isso e vejo notícias como estupro e o pai que se matou, matando a filha também, quase admito que a luta foi em vão...Tanto sangue derramado para ter como resultado todas essas tragédias...Eles bucaram o progresso e nós levamos ao regresso...

Será que ainda tem algum fato que nos impressiona? Ainda tem algum limite a ser ultrapassado? Qual o próximo escândalo? Qual é o nosso Brasil?

sexta-feira, 6 de março de 2009

Que saudades...

"Onde está vc? Onde está vc que sumiu...Meus olhos procuram os teus, meus lábios beijam outros lábios, mas acabam pronunciando teu nome; Minha pele sente a falta da tua e meu coração procura incansavelmente o teu...
Ouço nossas músicas e penso: "Quandos nos encontraremos? Como nos perdemos?". Em todos os que beijei, todos que amei, todos que me relacionei só procurei vc. Muitos beijei, mas só o teu beijo guardei.
Um dia o tempo volta e recomeça da onde paramos, de onde nos perdemos, e talvez revivamos tudo aquilo que ñ vivemos. Seja nessa ou em outras vidas, mas um dia a gente se encontra..."