segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Maysa...

Faz muito tempo que ñ escrevo. Senti falta disso, mas cada vez menos tenho tempo para isso. E provavelmente ñ estaria escrevendo aqui, agora, mas minha indignação foi enorme ao ouvir certos comentários.
Aqui, como a maioria já sabe, meu padrão de vida é outro. Ñ tenho acesso a televisão brasileira, a ñ ser pela internet. Ainda sim, com certas restrições. Contudo, soube da minissérie Maysa-Quando Fala o Coração. Quanto a produção e atuações, ñ posso tecer qualquer comentário, pois ainda ñ vi. No entanto, posso falar com segurança da cantora em questão.

Alguns dias atrás encontrei alguns brasileiros morando tb em San Francisco. Um deles, o Felipe, tem a Globo Internacional. Por aqui a minissérie estreou há poucos dias, acho até que se passou poucos episódios ainda. E mesmo ainda ñ tendo chegado ao fim, muito me impressionou algumas pessoas falarem, erroneamente, diga-se de passagem: "Ñ gostei dessa minissérie. Grandes coisas, apenas exaltaram uma vagaba!".

Como já falei, ainda ñ vi nem mesmo a chamada da minissérie. A única coisa que vi foi uma foto da atriz caracterizada como Maysa. A maquiagem estava perfeita, a caracterização foi espetacular. Quanto ao comentário que escrevi acima foi lamentável. Muito me impressiona que brasileiros ñ saibam de sua história, do que aconteceu em seu próprio país. Maysa ñ foi uma vagaba, bêbada ou mesmo uma infeliz como muitos disseram.

Gente, Maysa era mais que bebida e fossa! Antes de falar, poderiam ao menos ler alguma coisa da internet para falar com mais segurança, ñ se basear apenas em um ou dois capitulos de minissérie. Maysa foi uma grande mulher e grande cantora, completamente a frente de seu tempo. Ñ falo isso agora apenas porque ela está "na moda", falo porque li sua biografia quando tinha 16 anos de idade, ouvi suas músicas desde os 8 anos. São canções para se ouvir ñ somente num momento de fossa qualquer, mas para ouvir em qualquer hora. São mais que canções, são poesias, são emoções de alguém que conseguiu traduzir em música angústias que um dia todos passamos. Sei que a sensibilidade é para poucos, mas o respeito deve-se a todos, vivos ou mortos!

Maysa também ñ era só uma arrogante, com olhos envolventes e boca sedutora. Era uma mulher de transgressões, artista com A maiúsculo, que botou sua carreira e paixão pela música a frente até de seu amor pelo filho (ñ que eu aprecie isso ou ache que foi certo ou errado, mas isso foi um fato. Talvez se ela tivesse optado por ser mãe ao invés de cantora, nós jamais teríamos obras como essas. Quem sabe até nós, mulheres, tivéssemos demorado um pouco mais para ganhar mais liberdade). Criticá-la agora é realmente muito fácil, afinal hoje temos psicólogos para tratarmos uma depressão, temos uma sociedade bem menos conservadora e podemos exercer nossas vocações mais livremente.

Acho que Maysa deveria ser lida e ouvida em todas as idades, em todos os momentos. Ela é uma lição de vida para qualquer mulher, para qualquer homem. Sim, sou apaixonada por Maysa. Aliás, sou apaixonada por mulheres como ela, que quebraram barreiras e lutaram com todas as forças para realizar seus sonhos e vontades. Por isso meu fascínio por Madonna, Maysa, Janis Joplin, Marilyn Monroe, Brigitte Bardot, Leila Diniz e tantas outras que contribuiram com suas artes para um mundo mais livre.

E aí vai uma dica: aproveitem essa moda, leima e ouçam Maysa. Mas, ouçam com sensiblidade e leiam com maturidade, sem críticas à cabeça!